Frase

"(...) Quem vai no chão de fábrica compreende melhor o que está acontecendo. Nada melhor do que conversar, escutar e olhar nos olhos de quem foi diretamente afetado (...)" Romeu Zema Neto, governador do Estado de Minas Gerais, durante o lançamento da Campanha S.O.S. Chuva 2023-2024, a respeito dos atingidos por tragédias consideradas naturais na sociedade capitalista, como chuvas em áreas urbanizadas, rompimentos de barragens de rejeitos minerários e coronavírus

sexta-feira, 31 de julho de 2020

José Pereira Durães, inimigo de Ricardo Athayde, assassino do bailarino Igor Xavier

Nascido em Brasília de Minas no dia 10 de outubro de 1949 do casamento entre Leotina Pereira da Rocha e José Ferreira Durães, José Pereira Durães faleceu na manhã de quarta-feira, 29 de julho de 2020. Morava no Bairro Santa Rita de Cássia em MOC-MG. Trabalhou no Frigorífico Wilson, em São Paulo/SP. Era dono da Cachaçaria do Durães na Rua Justino de Andrade Câmara (antiga Rua do Comércio), no centro histórico da cidade. A Cachaçaria do Durães chegou a incomodar os barzinhos do Parque de Exposições João Alencar Athayde. Em entrevista a Reginauro Silva no dia 22 de julho de 2005, José Pereira Durães desabafa e revela que Ricardo Athayde o prejudicou.

"Você disse que não guarda mágoa de ninguém, mas teve um pessoal que te perseguiu muito naquele outro ponto, principalmente logo após o assassinato de Igor Xavier. Como é que foi isso?", pergunta Reginauro Silva, do jornal "O Norte de Minas" e hoje jornal "Hoje em Dia". "Eu fui muito prejudicado na época, porque parece que o assassinato tinha sido dentro do meu bar, e meu bar não teve nada a ver com o crime. Eles se encontraram lá, saíram de lá, infelizmente aconteceu, então, muita gente se afastou do meu bar. Muita gente", diz entristecido. "Mas tem alguém, especificamente, que o prejudicou?", insiste Reginauro Silva. "A única pessoa que me prejudicou foi a família Athayde, o Ricardo Athayde. Se eu encontrar com ele hoje, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele. Ele me prejudicou, me fez pedir dinheiro emprestado pra pagar luz, água e funcionário. Fui à falência", confessa Durães que morreu perto de completar 71 anos de idade.

"Foi uma campanha cerrada contra o barzinho Casa Grande?", pergunta Reginauro Silva. "Sim! Esse lance de Igor, pessoa linda e maravilhosa, que sempre me ajudou, sempre promovia a casa, esse negócio que aconteceu com ele lá foi terrível!", recorda. "E o Ricardo Athayde está solto até hoje. O que você acha disso?", indaga. "É, fazer o quê?", aponta, impotente. "A gente está vendo emoção nos seus olhos. Você está quase chorando. Isso o emociona muito, não é? Você sente muito essa história, não é? Isso te marcou muito, né?", compreende Silva. "Marcou, marcou, marcou... [quase em lágrimas] Foi a terceira vez que Ricardo tinha ido ao meu bar. Primeiro, ele foi com João Avelino (Neto, secretário municipal de Segurança e Direitos do Cidadão); depois ele foi com a esposa e o filho; a terceira vez, ele foi sozinho, que foi o dia em que aconteceu [o assassinato, no apartamento do próprio Ricardo, em fevereiro de 2002]", narra Durães.

"Nesse dia, você não percebeu qualquer tipo de premeditação, não?", continua Reginauro Silva. "Não. Então, eu o tratei como um cliente normal, nunca sentei na mesa dele pra conversar com ele", testemunha. "Ele estava com o Igor?", insiste novamente. "Não. Ele não estava com o Igor. Coincidentemente aconteceu de, na hora, ele sair... Igor passou na mesa dele, tinha uma amiga nossa na mesa, cumprimentou e saíram juntos", acrescenta. "Quem era essa amiga?", deseja saber o comunicador. "Ela se chama Ivana", revela José Pereira Durães. "Essas pessoas que frequentavam seu bar antes da tragédia e, depois, deixaram de frequentar, você não os considera como seus amigos, mas se chegarem aqui você os recebe de coração?", pergunta Reginauro Silva. "Com certeza! Daí pra cá aconteceu... meu bar virou um local marginalizado, todo mundo derrubando o bar de Durães, o Casa Grande e tal, mas...", é reticente. "Falam que se consumia droga lá...", argumenta Silva. "Ah, com certeza. Sempre falaram, bar de Durães só dá maconheiro, cheirador de cocaína, mas superei isso tudo. Deixa pra lá...", joga a toalha. Na entrevista, José Pereira Durães relata que estabeleceu amizade com o colunista social Theodomiro Paulino e com o empresário Paulo César Mota Santiago. Clique AQUI e leia a entrevista na íntegra.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Morre José Pereira Durães, brasilminense e proletário do Frigorífico Wilson, em São Paulo/SP

Faleceu na manhã de quarta-feira, 29 de julho de 2020, aos 71 anos, o dono da Cachaçaria do Durães que toda quinta-feira oferecia arroz de pequi e carne de sol de graça aos estudantes e militantes de movimentos sociais. A Cachaçaria era localizada na Rua Justino de Andrade Câmara (antiga Rua do Comércio), no centro histórico de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O prédio foi reformado para abrigar um restaurante, mas hoje é sede de escritório regional do mandato da deputada estadual Marilene Alves de Souza (Leninha).

Nascido em Brasília de Minas, José Pereira Durães fechou a Chaçaria e retornou para São Paulo. Voltou para a cidade norte-mineira e morava no Bairro Santa Rita de Cássia. Apreciava cerveja Glacial e comia acerola. Em entrevista no dia 22 de julho de 2005 a Reginauro Silva, também falecido, através do jornal "O Norte de Minas", José Pereira Durães brincou que "no meu scoth bar não entra casal de gays, a não ser um de saia e o outro de calça". A Cachaçaria tinha acabado de ser reformada e pintada artisticamente com cores vivas. Presenciaram este instante Dener Kruger, Malu Carvalho, Marília Vieira e Micheline Ubaldo. Confira!!!

Talvez, em outros locais não, mas esta entrevista vai explodir como uma bomba na parte histórica da cidade, a chamada baixada de Montes Claros. Mais precisamente, na Cachaçaria do Durães, que já se transformou em ponto de referência, parada obrigatória de visitantes de várias partes do país. E camarote permanente de boêmios e intelectuais que até altas horas da noite discutem ali os mais polêmicos assuntos sobre a vida de todo mundo e a vida de cada um, inclusive do dono, José Pereira Durães, o mais forte candidato à sucessão de Afrânio Temponi como rei da noite desta terra de Figueira.

Não se sabe no colo de quem, mas o petardo detonado por Durães, também conhecido como Duras, começa a explodir com sua decisão de criar um scoth bar, ao lado da Cachaçaria, apenas para casais heterossexuais. Logo ele que patrocinou, recentemente, a 2ª Parada do Orgulho Gay, que reuniu cerca de três mil rapazes e moças alegres exatamente na rua do scoth, a Justino Câmara, 69. Para tentar transmitir ao leitor o clima descontraído que dominou a entrevista (e não poderia ser diferente quando se trata desse filho de Brasília de Minas), está sendo inaugurado o processo de cronometragem das risadas, medidas a partir de cinco segundos. O entrevistado só perde o humor quando o assunto é a campanha de difamação que quase o levou à falência, logo após o assassinato do bailarino Igor Xavier.

"Se eu encontrar Ricardo Athayde, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele", compromete-se. No mais: "Pra mim, ó, tudo às mil maravilhas. Não tenho nada a reclamar", afirma.

A entrevista

Você é de Brasília de Minas. Como é que veio parar em Montes Claros? E por quê?

"Ora, porque eu saí de Brasilinha de Minas e tal... pra procurar uma coisa diferente, e caí em Montes Claros (nos anos 1960)"

Como é que era Montes Claros naquele tempo?

"Nesse tempo eu trabalhava na Rua Camilo Prates com Eustáquio Crusoé (Loures de Macedo, hoje advogado), na fábrica de bebidas Luna! [risos] [Cantarolando] Guaraná Luna/Guaraná Luna/É gostoso de tomar/Guaraná Luna/Guaraná Luna... [risos]. Trabalhei primeiro com o pai dele, o Robson Crusoé (falecido advogado). Aí, eu fui trabalhar com Eustáquio. Ele era contador e eu era uma espécie de office-boy. Eu morava no São Judas Tadeu"

Mas por que você veio de Brasilinha?

"É que Brasília de Minas não tinha um campo, a coisa que eu estava querendo... Não estava tendo apoio do pessoal, cê tá entendendo?"

Você já veio com emprego arrumado, alguma coisa assim?

"Não!!!"

Você veio com a cara e a coragem?

"É, eu vim com a cara e a coragem: Eu vou sair de Brasilinha, e pronto!"

Sozinho?

"Sozinho, sozinho, sozinho..."

Você chegou a fazer parte da turma da Gandaia, de Rosana Silqueira?

"[Depois de 18 segundos de risos] Não, não, não! Fiz parque aqui... [risos]"

Quando é que começou essa história de boteco em sua vida?

"Essa história de boteco começou em 1967. Era a Maria Bibelô, lá na Rua Bonfim [cinco segundos de risos]"

Você já começou lá no puteiro... [risos]

"É, já comecei no puteiro [risos]. Depois eu fui pra São Paulo. Durante três anos, eu trabalhei no frigorífico Wilson"

Fazendo o quê?

"Em câmaras frias. Oito graus abaixo de zero... [risos]. Ontem estava nove graus pra cima aqui e eu trabalhei oito abaixo de zero. Aí, eu retornei pra Montes Claros em 1970. Quando abriu o [restaurante] Choppão na Rua Altino de Freitas com Lafetá"

Do Deodato Biondi...

"Deodato Biondi!!! [risos] Eu trabalhei lá como garçom. Aí, Theodomiro Paulino estava entrando na onda de colunismo social e tal, pá, pá, pá... Ele era relações públicas do Choppão. Mas, como ele é muito bobinho [risos], ele abriu o Theo's House e eu fui trabalhar com ele [risos]. Trabalhei com Theodomiro durante oito a nove anos"

Ô Durães, e o negócio da viadagem te acompanhar [risos], sem restrições. Essa turma toda que gosta de você, te frequenta e admira, nasceu nessa é época?

"Eu sempre fui assim. Se você chegar, se ela [Micheline] chegar, se Reginauro chegar, estacionando um carro, eu vou lá na fora, abro a porta e acompanho você até a mesa.  Eu acho que foi por aí a coisa, cê tá entendendo?"

Assim é melhor pra todo mundo, sem ferir princípios nem nada...

"Exatamente, então eu comecei a receber alguns prêmios como melhor garçom, até que pintou um grupo paulista, que montou a boate Cogumelos e o barzinho Guy"

Do Arnaldo Colantâneo...

"Arnaldo Colantâneo!!! Eu é que era o relações públicas..."

Você era relações públicas, é! [risos] Como era a noite em Montes Claros nos anos 1970?

"Nos anos 1970, a noite em Montes Claros era Theo's House, era Redondo, Pizzarela, Zepellão..."

E a mulherada?

"[Pensativo] A mulherada... Era a melhor coisa que tinha [risos]"

Afrânio Temponi...

"É, Afrânio Temponi, entendeu? Foi o campeão, o rei da noite"

João Comodoro (empresário da noite, também já falecido) foi de sua vivência?

"Eu frequentei alguns cabarés de João Comodoro [14 segundos de risos]. O circuito era Cogumelos, Pilangos e Comodoro, quando o dia já estava chegando, montes-clareando... Os fregueses fechavam um e ia para o outro [risos]"

Como foi a inauguração do primeiro motel em Montes Claros?

"O primeiro era do Mário Gabi, o Sand's"

Tinha, realmente, aquela história das mulheres que ficavam escondidas no mato em frente ao motel para ver se estavam sendo traídas pelos maridos? [risos]

"Tinha. Tinha, sim! Inclusive eu acompanhei algumas... [risos]"

Como assim?

"Não, porque tinha sim! Umas amigas minhas pediam e eu ia com elas"

Elas te contratavam?

"Não, não contratavam, não! Me chamavam para fazer um passeio, e a agente ia"

Você chegou a dar um flagrante?

"Não, não, não. Nunca!"

Nesse tempo o motel era chamado de casa do capeta... [risos]

"Exatamente. Casa do capetão [risos]"

Como é que foi seu casamento? Como é que você conheceu dona Zilca?

"Dona Zilca é de Brasilinha também. Nós nos conhecemos lá. Nos casamos, vivemos durante 22 anos, mas ela não conhecia o Durães, porque eu trabalhava como garçom. Então, quando eu passei a trabalhar pra mim mesmo, é que ela foi conhecer o Durães, entrou naquela crise... foi na época da Fafil, aqui no fundo da Matriz"

O Beco da Vaca... [risos]

"É, Beco da Vaca. Aí, ela foi conhecer o outro lado do Durães"

Qual é o outro lado do Durães?

"As amizades... que ela não sabia. As amizades que eu tinha. Então, se eu estava conversando com Marina, ela achava que eu já tava comendo Marina"

Mas você comia mesmo?

"Não, não, eu sempre tive vontade, mas nunca comi não [23 segundos de risos]"

E você tem essa vontade até hoje?

"Não, não, esse sonho já foi realizado... [15 segundos de risos]"

Por que você tem um ciúme danado de Margô, Thamísia, essas meninas todas? É ciúme paternal ou...

"É paternal. São todas minhas amigas, pessoas que eu amo, que cuidam de mim, são pessoas que têm um carinho muito grande por mim, sabe? São pessoas que me telefonam, vêm de madrugada saber como eu estou. Se souberem que minha gota está atacando, elas trazem remédio pra mim... [risos]"

E Cláudia?

"Cláudia Bispo é uma pessoa muito especial que eu descobri agora, de uns três, quatro meses pra cá. Conhecia há muito tempo, mas o lado dela que eu descobri mesmo foi há uns três, quatro meses. É uma pessoa que está me deixando tranquilo. Ela estando aqui, eu posso ir pra casa dormir sossegado"

Que lado dela você descobriu?

"O lado profissional. É uma pessoa competente, muito especial"

Como estão suas quatro filhas hoje?

"A mais velha mora em Ilha Comprida, a Sheila; tem a Francine, que mora em São Paulo, capital"

Todas solteiras?

"Não, todas casadas. Tem Karina, que está em Montes Claros, inclusive o filho dela, meu neto, está aqui comigo; e tem a Francilene, que mora aqui também"

Você se considera uma pessoa realizada ou falta alguma coisa ainda? 

"Eu me considero uma pessoa realizada, tranquilo"

Para ter essa tranquilidade e essa realização, você contou muito com os amigos. Quem você citaria como seus maiores amigos hoje?

"Chico Lenoir sempre foi o Número 1. Aí vêm Denílson Arruda, que é meu padrinho, Carla Correia, minha amiga Márcia Prates, Marcelo da Autopeças 2 Irmãos, minha linda Mara Lima [Gritando: minha linda, maravilhosa, eu te amo!], Thamísia Guerra, Dudu Prates, Cibele e Carlinhos Muniz, Leninha e Rayo..."

Político, não...

"Não, não, não existe político! Agora, foram meus amigos que me ajudaram nessa caminhada. Por sinal, montaram meu bar, eu não tinha nem condições"

Quem mais, Durães?

"Aí vêm Marília, Ana Banana, né, Ana? Tá lá trabalhando [fazendo um painel no muro da Cachaçaria], linda e maravilhosa [risos]... Shirlinha, pode ser que eu tenha esquecido algum nome, mas é esse pessoal aí"

Como é que foi sua passagem por Ipanema, no Rio de Janeiro, aquela orgia nacional?

"Ô, Reginauro, hoje não. Hoje eu tô passando, com meus 56 anos, uma das melhores fases da minha vida. Mas Ipanema foi linda, maravilhosa... [risos] Quando eu via Regina Duarte, Luma de Oliveira, atores de teatro..."

Quem levava? [risos]

"Era você mesmo, né, Reginauro?! [Os olhos no horizonte] Luma de Oliveira..."

Ficou quanto tempo lá...

"Fiquei dois anos e meio. Conheci Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, frequentava a favela. Eles mandavam me buscar. Eu tinha carteirinha pra subir a qualquer hora do dia ou da noite, entendeu? Chegava e ficava o final de noite com eles"

Era o Galeto de Ipanema, não é?

"Galeto de Ipanema!"

Como era seu relacionamento com os gringos que chegavam lá, os americanos... porque lá ia gente de tudo quanto é lugar do mundo. Como é que você conseguia falar com essas pessoas?

"Eu tinha um relacionamento bom com os gringos"

Era tão bom que, um dia, você teve que correr atrás de uns que levaram suas garrafas... Você correu até a Vieira Souto atrás deles... [15 segundos de riso]

"A Vieira Souto, é, eles iam levando minhas garrafas [risos]"

Eles achavam que eram descartáveis, né? [risos]

"É, eles achavam que eram descartáveis. Foi muito engraçado. Chegava uma turma de oito, dez, cada um pedia uma garrafa de cerveja e não pedia copo não [risos]. Pagavam, viravam assim no gargalho e saíam..."

E você saía correndo atrás? [risos]

"Saí correndo atrás... [risos]"

E o dia em que atiraram lá de cima do Cantagalo e a bala passou em frente ao bar e todo mundo saiu correndo pra dentro do Galeto de Ipanema?

"Ah, é, rapaz, eu sei que a bala atingiu o primeiro quiosque e matou uma mulher lá. Bala perdida. Atiraram lá de cima"

E todo mundo se espremeu dentro do bar?

"Todo mundo correu pra dentro do bar e a bala passou, tipo um míssil, e atingiu a mulher no quiosque lá na praia"

Havia brigas frequentes com aquele pessoal do Cantagalo?

"Não. Todo mundo tinha o maior carinho, o maior respeito comigo. Todo evento que tinha no Cantagalo, Pavão, Pavãozinho, eles mandavam me buscar, assim, duas horas da madrugada, quando eu fechava o bar. E todo dia tinha festa... Eu subia com eles e, quando eram quatro horas da madrugada mais ou menos, eu chamava o chefão, que se chamava Arnaldo... inclusive eu torço pro Botafogo, hoje, por causa desse Arnaldo, que era botafoguense. E eu falava: Arnaldo, eu quero descer pro asfalto... porque, lá, eles chamam de asfalto cá embaixo, quem mora cá embaixo. Aí, eles me acompanhavam. Eu morava no 16º andar. Eu entrava no elevador e, quando estava no meu apartamento, ligava o interfone liberando os caras que vieram me acompanhar"

Você falou do pessoal do teatro, da televisão, que prestigiava o seu bar, mas Paulo César (Mota Santiago) teve muita participação no movimento do bar também, não é?

"Paulo César Santiago teve, teve... inclusive foi ele que me levou para o Rio. É um cara que sempre me deu força. Eu trabalhei com ele durante 16 anos"

Nesse período, quantos litros de uísque você abriu para Paulo César e a turma dele lá no Rio, inclusive o pessoal da Rio Car?

"Olha, Reginauro [risos]... é brincadeira! Foram muitos e muitos e muitos litros..."

Bala 12 [Ballantines]?

"Bala 12 [risos]..."

Você tem muita saudade daquele tempo?

"Olha, o Rio, pra mim, é o Rio! O povo fala do Rio, mas no Rio não tem violência! São Paulo tem, mas o Rio de Janeiro não tem!"

A gente sempre andava à vontade, inclusive de madrugada, só de bermuda e chinelos, e nunca aconteceu nada...

"Nunca aconteceu!"

O Rio de Janeiro continua lindo. Como é que você divide essa paixão que você teve pelo Rio e essa realização que está acontecendo hoje em Montes Claros?

"A semente que eu plantei, as raízes estão todas aqui em Montes Claros. O Rio é uma cidade maravilhosa, só aconteceram coisas boas pra mim, mas Montes Claros está em primeiro lugar"

O que você considera que foi um rio que passou em sua vida, coisa que desagrada, que você não se interessa mais em lembrar?

"Ah, sim! Não tenho mágoa nenhuma. Eu sou um cara feliz, não tenho mágoa de nada. Tudo que eu sonhei, inclusive em ter um barzinho como este, igual ao scoth bar que estou montando aqui ao lado, meu sonho está sendo todo realizado. Pra mim, ó, tudo às mil maravilhas. Não tenho nada a reclamar, não tem rio que passou..."

Como é que vai ser esse scoth bar?

"Eu estou montando esse salão aí, que é mais para vernissage, entendeu? Quando não tiver uma vernissage, pode ter um aniversário..."

É verdade que é só para casais?

"Quando pintar uma festa com até 70 pessoas, aniversário, tudo bem. Agora, quando não tiver evento nenhum, aí eu vou abrir como scoth bar só pra casais"

Como é que você vai administrar isso? Vai ter alguém na porta para deixar só casais entrarem?

"É, vai ter uma portaria. Só vai entrar casal. Se você chegar sozinha, não entra!"

Mas, na evolução que já chegou à Europa e está chegando às Américas, casais de gays, como é que fica?

[Depois de pensar muito] Não, não, não!!! É só homem e mulher! A não ser um de saia e o outro de calça... [13 segundos de risos]"

Isso não é preconceito, não?

"Não, em hipótese alguma! Uma coisa que não existe em Durães é preconceito. Até me malharam por causa da Parada do Orgulho Gay (patrocinada pela Cachaçaria). O sol nasceu pra todos, todo mundo tem o direito de viver, todo mundo tem o direito de ser feliz e fazer as outras pessoas felizes"

Isso justifica que um casal de gays não possa entrar no scoth?

"Não!"

E duas lésbicas de saia?

"Não vão entrar. Não é casal, são duas mulheres. Não tem como!"

Isso vai ser meio complicado. Acho que vai ser difícil você administrar essa questão. Tem todo tipo de casal. Como é que você vai saber se é lésbica ou se é gay?

"Não tem isso não, vai ser muito fácil de administrar. E eu já estou fazendo um trabalho em cima disso aí e sei que todo mundo vai me ajudar"

É verdade que você está fazendo um investimento de 100 mil reais nesse scoth?

"Não chega a cem não, mas setenta, sim! Coisa de primeira linha"

Em questão de mercado econômico, de se consumir muito, de custar muito, você já vendeu uísque do Paraguai?

"Não, eu não trabalho com uísque do Paraguai [repete, sério]. Eu tenho uma clientela muito especial. Se eu fosse mexer com uísque do Paraguai, eu estaria prejudicando a mim mesmo, entendeu? Então, eu não posso fazer isso com o pessoal que eu tenho aqui"

Você disse que não guarda mágoa de ninguém, mas teve um pessoal que te perseguiu muito naquele outro ponto, principalmente logo após o assassinato de Igor Xavier. Como é que foi isso?

"Eu fui muito prejudicado na época, porque parece que o assassinato tinha sido dentro do meu bar, e meu bar não teve nada a ver com o crime. Eles se encontraram lá, saíram de lá, infelizmente aconteceu, então, muita gente se afastou do meu bar. Muita gente"

Mas tem alguém, especificamente, que o prejudicou?

"A única pessoa que me prejudicou foi a família Athayde, o Ricardo Athayde. Se eu encontrar com ele hoje, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele. Ele me prejudicou, me fez pedir dinheiro emprestado pra pagar luz, água e funcionário. Fui à falência"

Foi uma campanha cerrada contra o barzinho Casa Grande?

"Sim! Esse lance de Igor, pessoa linda e maravilhosa, que sempre me ajudou, sempre promovia a casa, esse negócio que aconteceu com ele lá foi terrível!"

E o Ricardo Athayde está solto até hoje. O que você acha disso?

"É, fazer o quê?"

A gente está vendo emoção nos seus olhos. Você está quase chorando. Isso o emociona muito, não é? Você sente muito essa história, não é? Isso te marcou muito, né?

"Marcou, marcou, marcou... [quase em lágrimas] Foi a terceira vez que Ricardo tinha ido ao meu bar. Primeiro, ele foi com João Avelino (Neto, secretário municipal de Segurança e Direitos do Cidadão); depois ele foi com a esposa e o filho; a terceira vez, ele foi sozinho, que foi o dia em que aconteceu [o assassinato, no apartamento do próprio Ricardo]"

Nesse dia, você não percebeu qualquer tipo de premeditação, não?

"Não. Então, eu o tratei como um cliente normal, nunca sentei na mesa dele pra conversar com ele"

Ele estava com o Igor?

"Não. Ele não estava com o Igor. Coincidentemente aconteceu de, na hora, ele sair... Igor passou na mesa dele, tinha uma amiga nossa na mesa, cumprimentou e saíram juntos"

Quem era essa amiga?

"Ela se chama Ivana"

Essas pessoas que frequentavam seu bar antes da tragédia e, depois, deixaram de frequentar, você não os considera como seus amigos, mas se chegarem aqui você os recebe de coração?

"Com certeza! Daí pra cá aconteceu... meu bar virou um local marginalizado, todo mundo derrubando o bar de Durães, o Casa Grande e tal, mas..."

Falam que se consumia droga lá...

"Ah, com certeza. Sempre falaram, bar de Durães só dá maconheiro, cheirador de cocaína, mas superei isso tudo. Deixa pra lá..."

Os que falam são os maiores frequentadores do seu bar.

"Continuam falando e são frequentadores do meu bar. Esse encontro poderia ter acontecido em qualquer outro barzinho, mesmo porque não houve crime lá nem nada. Foi uma coisa pessoal, para prejudicar logo o Durães, essa pessoa supercarismática, um paizão mesmo, amado na noite de Montes Claros. E quem o ama, realmente, sabe e conhece esse lado dele, que é o lado bacana, amoroso, cativante, todos nós sabemos disso"

Como é sua rotina? Você começa a trabalhar a que horas?

"Oito da manhã. No caso, hoje, que é sábado, eu vou só até sete da noite. Nos demais dias, até quando tiver freguês... [risos]"

Mas lá no Rio, você tinha a mania de todo dia, às três da tarde, deitar na praia e dormir... [11 segundos de risos]

"Eu era feliz e não sabia... [risos]"

Três da tarde, o boteco fechado, o pessoal batendo na porta e você na praia, dormindo ou tomando água de coco. Como é que era isso?

"É o Rio, aquela cidade maravilhosa! [risos]"

Aqui não tem jeito de ir pra beira do Rio Vieira às três da tarde não, né?

"É como diz uma amiga minha, Débora, a Japa, quando eu pergunto por que todo fim de semana ela está indo pro Rio, ela responde: Duras, eu vou é pra Rio Pardo... [risos]"

Ainda ontem estava aqui a Janine, ex-atriz do grupo Tapuia, que mora na Itália há 20 anos. Você acha que a Cachaçaria virou, realmente, um ponto de referência, um ponto turístico de Montes Claros?

"O movimento durante a exposição me surpreendeu. Ainda bem que eu estava preparado, mas não esperava o movimento que estou tendo. Gente de tudo quanto é lugar. Meu bar está cheio todos os dias"

Tinha mais gente aqui do que nos barzinhos da exposição

"Com certeza. Minha casa estava lotada durante todos os dias. Então, virou ponto turístico. A Janine veio de Roma. De onde mais tem vindo gente? Ainda ontem tinha um grupo paulista, tinha outro grupo de Diamantina, tinha uma turma grande de Salinas... mas vem gente de tudo quanto é lugar da região e do país. Chegou a Montes Claros, está vindo aqui..."

Quais são as especialidades da casa?

"Especialidade da casa, mesmo, que é uma coisa que eu faço há 15 anos, é o arroz com pequi e carne de sol toda quinta-feira, que é servido como cortesia da casa para 100, 200 pessoas"

Qual é o seu consumo anual de pequi?

"Eu congelo uma faixa de 600 dúzias. Geralmente, eu gasto 10 dúzias por semana. E o ano que eu conto são de 10 meses, porque nos outros dois meses já é a nova safra"

Quantos quilos de arroz você dá pra essa cambada aí? [risos]

"São mais ou menos oito quilos de arroz toda quinta-feira"

Como é a participação de Black na sua vida profissional?

"Black é filho, é pai, é irmão, é camarada, é tudo. Black é o meu braço direito, uma pessoa que toma conta dos meus negócios. Um filhão que eu tenho"

Naquele período de dois anos e meio que você ficou no Rio, como é que Black sobreviveu sem você?

"Ah, eu mandava pra ele três salários mínimos todo mês... [19 segundos de risos]"

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Poeta-caminhoneiro está internado na Santa Casa de MOC com Covid-2019 desde 20/07

O criador do maior Salão de Poesia do Brasil, o Psiu Poético, João Aroldo Pereira, informar por e-mail (correio eletrônico) que "o poeta-caminhoneiro Albino José dos Santos, participante ativo do Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético", testou positivo para a Covid -2019. O conhecido poeta-caminhoneiro participa do Psiu Poético, do Resgate da Alegria & Cena Cultural Montes-Clarense  de forma sempre presente", esclarece Aroldo Pereira, que nasceu em Coração de Jesus em 06 de outubro de 1959.

O criador do Psiu Poético continua enaltecendo as atividades do poeta-caminhoneiro. "Desde o início dos anos 2000, ele participa de tudo que vem sendo promovido pelo Grupo de Literatura & Teatro Transa Poética, como também de ações da Secretaria Municipal de Cultura, tendo como exemplo a Festa do Pequi, já homenageada pela verve do poeta". Albino José dos Santos é natural da Bahia, mas veio morar em Montes Claros ainda adolescente. Aqui trabalhou com o seu pai como ajudante de motorista de caminhão, depois, como profissional do volante, rodou por todo o território nacional, levando produtos do Norte de Minas Gerais a todo o Brasil.

Albino José dos Santos também atuou como motorista de ônibus coletivos urbanos na cidade norte-mineira. Recentemente, ele guiava carro pequeno, fornecia terra adubada preta para plantações e levava seus versos nos palcos e escolas públicas estatais, municipais e particulares do município. "Com seus 80 anos de idade, Albino José dos Santos demonstra amar a sua família, os seus amigos, o Psiu Poético e todas as artes. Ficou viúvo há cinco anos. Mora com uma neta e dois bisnetos", conta João Aroldo Pereira.

No dia dia 20 de julho, segunda-feira, ele foi encaminhado pelo seu filho, Cláudio dos Santos, para ac Santa Casa de Montes Claros, onde tem recebido tratamento para se restabelecer. "Poetas e amigos de todo o Brasil têm lhe dedicado orações, pensamentos positivos e um pronto restabelecimento", garante Pereira ao se despedir com o já cultural "beijos azuis & abraços blues", agradace.

Visite o site: psiupoetico.com.br
Página no Facebook: Psiu Poético
Página do Curador: Aroldo Pereira
Telefones: 38 9 9112 7011  # 38 2211 3374

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Inscrições para 34º Psiu-Poético são prorrogadas; tema deste ano é “Dançapalavra”

Foram prorrogadas até o dia 31 de agosto de 2020 as inscrições para o 34º Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, realizado pelo Grupo de Literatura e Teatro Transa Poética, em parceria com a Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Desde a década de 1980, o acontecimento é agendado para os dias 04 a 12 de outubro e o seu propósito é celebrar a poesia e promover o encontro, desta vez virtual, de poetas, dançarinos, escritores e artistas de todos os lugares. É o mais longo salão nacional de poesia do Brasil.

Neste ano, por causa da pandemia, o 34º Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, que terá como tema “Dançapalavra”, acontecerá através das plataformas digitais nas redes sociais do Psiu Poético e no YouTube. Por isso, integrantes do Grupo Transa Poética lançaram uma campanha para que o Canal do Psiu Poético no Youtube alcance mil seguidores e assim seja possível realizar as transmissões ao vivo. Para ajudar, basta clicar no link https://www.youtube.com/channel/UCx3o_zXnWyazxYX3GFs_wtw e inscrever-se.

As pessoas que desejam apresentar seus textos poéticos devem enviá-los para os e-mails psiupoetico@gmail.com e psiupoetico.cinema@gmail.com. Neste ano serão aceitos de um a três poemas. Os textos devem ser enviados em PDF, DOCx ou DOC. É obrigatória a identificação do autor no poema. O artista interessado em inscrever um trabalho em vídeo deverá enviar o mesmo para psiupoetico.cinema@gmail.com com permissão de acesso. Os trabalhos audiovisuais devem ter duração de um a 10 minutos. Se o material exceder 25 megabytes, é necessário  o compartilhamento do mesmo através de plataformas não-pagas, tais como iTransfer, WeTransfer e Send-file. Poderão participar poetas e artistas de qualquer parte do país.

Texto: Mariana Correia
Imagem: Reprodução

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Encanta-se Maria Nunes Maciel com quase 100 anos

A coluna do obituário na página 04 do "Jornal de Notícias" de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, traz sete passamentos nesta quinta-feira (09/07/2020): três mulheres e quatros homens. Ana Ferreira de Oliveira é nascida em 25 de dezembro de 1933 em Porteirinha do casamento entre Maria Ferreira da Silva e José Ribeiro da Silva. Morreu em 06 de julho quando completaria 87 anos. Maria Nunes Maciel nasceu em 25 de março de 1921 em MOC da união entre Celestina Nunes Maciel e João Nunes Cerqueira. Ela faleceu perto de completar 100 anos. Desencarnou em 07 deste mês. Neuzita de Oliveira Santos nasceu em 15 de janeiro de 1947 na cidade de São João da Ponte do matrimônio entre Maria Augusta de Oliveira e Etelvino dos Santos Ferreira. Morreu em 02 de julho aos 72 anos.

Filho de Maria de Lourdes Lima e Manoel Andrade Lima, Franklin Aloísio Lima nasceu em 12 de abril de 1945 em Salinas. Faleceu aos 75 anos no dia 06 deste mês. Filho de Maria Araújo Costa e Sebastião Soares de Araújo, Geraldo Sidney de Araújo veio ao mundo no dia 29 de novembro de 1965 em Juramento. Morreu no dia 27 de junho. Faria 55 anos. Filho de Júlia Vieira da Silva e Isaías Teixeira da Silva, Isaías Teixeira da Silva Filho nasceu em São João da Ponte no dia 22 de outubro de 1972. Encantou-se no dia primeiro deste mês. Completaria 48 anos. Filho de Sebastiana Soares da Fonseca e Sancho Cardoso dos Santos, João Soares dos Santos surgiu para esta sociedade capitalista no dia 06 de maio de 1934 no município de São Francisco. Descansou desta vida material em 07 de julho aos 86 anos. As causas dos falecimentos não são informadas. 

A publicação no obituário do "Jornal de Notícias" é gratuita. Basta enviar os dados, inclusive imagem, para a portaria do periódico situada à Rua Sílvio Teixeira, Bairro São José, em MOC-MG. O Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais (1º Ofício da Cidadania) “Maria de Lourdes Chaves” fornece as informações. Organiza desde 06 de julho de 2009 o Cartório Cláudio Teixeira Almeida. O Cartório existe desde 08 de novembro de 1888. O endereço é Rua Doutor Veloso, 866, Centro de MOC-MG, CEP 39.400-074. Funciona de segunda a sexta-feira das 9 às 17h. Outras informações pelo telefone 38 3221 1560. O telefone-fax é 38 3221 4063. O e-mail para contato é civilmoc@yahoo.com.br. Lá se registram, mediante quantia em dinheiro, nascimentos, casamentos, mortes, interdições e tutelas. O número do seu Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) é 21.364.591/0001-56. As informações são do advogado Yuri Maxim Lups. São 55 comentários sobre o Cartório no site de pesquisas www.google.com.br.

Felicidade

Felicidade
Ao centro, Gilmar Gusmão participa do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético de 04 a 12 de outubro de 2017 no Centro Cultural Hermes de Paula em MOC-MG

Resistência

Resistência
Gilmar Gusmão declama poesia em escola estadual durante Salão Nacional de Poesia Psiu Poético

Seriedade

Seriedade
Antônio Gilmar Maia Gusmão ministra palestra sobre medicina natural na Pastoral do Menor

Característica

Característica
Gesto típico de Antônio Gilmar Maia Gusmão

Preocupação Social

Preocupação Social
Antônio Gilmar Maia Gusmão visita Pastoral do Menor (Rua Januária, 387/Fundos, Centro de MOC-MG)