Frase

"(...) Quem vai no chão de fábrica compreende melhor o que está acontecendo. Nada melhor do que conversar, escutar e olhar nos olhos de quem foi diretamente afetado (...)" Romeu Zema Neto, governador do Estado de Minas Gerais, durante o lançamento da Campanha S.O.S. Chuva 2023-2024, a respeito dos atingidos por tragédias consideradas naturais na sociedade capitalista, como chuvas em áreas urbanizadas, rompimentos de barragens de rejeitos minerários e coronavírus

sábado, 12 de dezembro de 2020

O garoto Aroldo completa 60 anos

Outubro chega e o Salão Nacional de Poesia Psiu Poético garante a resistência social da arte e da cultura. Há 33 anos, sempre de 04 a 12/10, em escolas, praças públicas, mercados, rodoviárias e centros culturais, o maior salão de poesia do Brasil promove a vida plena através da poesia desimpedida. Desde 1987, quando o Grupo de Literatura e Teatro Transa Poética reinventou conceitos artísticos, o Psiu Poético segue quebrando preconceitos e tabus. E na personalidade característica do negro convicto, consciente, operário e funcionário público concursado João Aroldo Pereira está representada toda a luta proletária revolucionária do Psiu Poético. Nascido em 06 de outubro de 1959, em Coração de Jesus, 2019 é o ano dos 60 anos do poeta e agitador cultural performático Aroldo Pereira, que difunde a cultura subversiva de Raimundo Colares e de Arthur Bispo do Rosário na própria pele com mente sã e corpo são.

“Minha consciência política vem desde os 13 anos. Comprava e lia sempre o jornal Movimento e o Pasquim. Adoro andar a pé e de bicicleta. Olhar no olho. Já fui roubado em 19 bicicletas”, conta Aroldo Pereira, sem perder a esperança, suas atitudes muito antes dessas ações serem super-exploradas por organizações não-governamentais, pela mídia grande e pelo mercado capitalista. Andar a pé e de bicicleta hoje em dia é concorrer e arriscar-se no trânsito com os mais de 200 mil veículos automotores que todo dia infestam as ruas e avenidas de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. A velocidade representada pelos ônibus nos quadros artísticos de Raimundo Colares contagia a humanidade e leva o ser humano prestes a ter um ataque cardíaco com tanta pro-atividade. É preciso parar e pensar esclarecida e criticamente para dar lugar ao ócio criativo. A televisão atual está ao alcance das mãos e permite múltiplas possibilidades de entretenimento, nome moderno para cultura pós-moderna.

Durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985), mesmo resistindo e morando em MOC, Aroldo Pereira viajava e participava, no Rio de Janeiro, ao lado dos companheiros Elthomar Santoro Júnior (sempre em companhia de um baseado, apesar de pressionado pelo regime de exceção), Sérgio Zuba, Lafetá, Edvaldo (Diva) e Francisbel, do grupo de punk-rock “Atak Cardíaco”. O nome é por causa do seu irmão Sebastião Nélson, que morreu de ataque cardíaco e era um amante do punk-rock. A banda se apresentou na Sessão da Meia-Noite do Teatro Opinião, administrado pelo poeta e dramaturgo João das Neves. Na época vocalista do “Barão Vermelho”, Cazuza foi sua plateia. Antes de se chamar “Ataq Cardíaco”, o grupo se definia como “Cometas Malditos” e “Aranhas de Marte”. Aroldo Pereira preferia ficar perambulando entre Montes Claros e Rio de Janeiro em virtude dos jornais e meios de comunicação do período estarem concentrados na antiga capital federal e dessa maneira divulgava mais a cultura regional. 


“Andando pelas ruas da cidade um rock rola na minha cabeça...”. “Nós somos os carinhas que tocam...”. “Moleques irônicos do punk-rock...”. “Eu quero a sorte de um amor tranquilo...”. “É a pegada do punk-rock. É o que a gente tá rememorando. Essa energia dos 16 anos”, anuncia Aroldo Pereira a partir das 20h do dia 05/10, no Teatro Cândido Simões Canela do Centro Cultural Hermes de Paula, a atração “Pancada: Atak Cardíaco”, punk-rock, revival 1976-1979, com os músicos da cena rock montes-clarense “Animal Core”: Yuri Yuck, guitarrista; Marlon Rodrigues, baixista; Charles Helton, baterista; e Aroldo Pereira, vocalista. “Desde os oito anos que tenho influência do punk-rock”, revela o poeta.

Morador do Bairro Operário-Cultural Morrinho, Santo Expedito e Vila Guilhermina, Aroldo Pereira gosta de destacar que é menino do morro, negro, de bairro proletário, admirador apaixonado dos catopês, marujos e caboclinhos. Na Rua do Bomfim, hoje Avenida Leonel Beirão de Jesus, “fazíamos instrumentos de plásticos” para tocar o bom terror na vizinhança. “Cantava em festivais da Escola Estadual Plínio Ribeiro (Escola Normal) e no Colégio Marista São José”, recorda Aroldo Pereira ao cantar a música “Alucárd”, a palavra “drácula” escrita ao contrário. Há três anos, João Aroldo Pereira recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Hoje é a escritora do Bairro Operário-Cultural Morrinho, Amelina Fernandes Chaves, a agraciada com o título.

O idealizador do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético morou no Rio de Janeiro um ano e meio. Conviveu em diversos ambientes desde Ipanema, Morro do Cantagalo e Botafogo. Passeou pela Avenida Atlântida. Frequentou a Galeria Alasca. Andarilhou pela antiga capital monárquica e republicana brasileira. Conheceu Léo Jaime, Frejat, Caetano Veloso, Pablo Peçanha, Nelson Mota e Ezequiel Neves (Zeca Jeaguer). Sua banda de rock favorita sempre foi o Rolling Stones. Sofreu a perseguição da polícia política da Ditadura Militar por causa de seu jeito espontâneo. Sempre andava com os seus documentos de identificação em mãos. Nunca fumou maconha ou qualquer outra droga e caminha com uma garrafinha d’água a tiracolo. Mas sua negritude, seu perfil quixotesco e sua moda simples causavam desconfiança na sociedade nacional civil, estatal e privatizada. Em 1983, houve o espetáculo “Uns”, de Caetano Veloso, no Canecão, Bairro Botafogo, casa cultural hoje extinta. “Antes do governo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, me paravam toda hora. No início dos anos 1980, Brizola é eleito e sinto a diferença. Senti de forma claríssima a mudança de paradigma”, testemunha. O negro, o índio, a mulher, o favelado eram respeitados.

Editada pela Academia Juvenil de Letras do Norte de Minas Gerais, fundada em 24 de fevereiro de 1973, e impressa pela Gráfica Tekla, a revista “Káthedra” de abril de 1978 traz texto de Aroldo Pereira intitulado “Força Maior” e datado Rio de Janeiro/RJ, 1º de fevereiro de 1978. “Um grito: NÃO!... Primeiro veio o encontro e a espontaneidade em se dar. Aquele sorriso liberto, solto. Encontrou um semblante - ou foi um espelho? - Inerte. Absorto em pensamentos negros. Aquele ser precisava de uma força amiga. E o sorriso puro e largo veio na hora exata. O semblante sofrido ficou encucado com o riso espontâneo. Mas se alegrou ao perceber que ele era amigo. Alguém cantava, alguém discursava, palavras inúteis iam ao ar. Uma criança preta sorria um riso lindo, juvenil. Uma branca criança ria um sorriso juvenil, lindo. Um ser - de maneira gritante - dizia ser racista. Um carro (em velocidade estonteante) bate e morre... Um político se elegia enquanto outro o traía. Um baby nascia e Maria morria. Um garoto afanava porque há muito não se alimentava. Sim. O universo seguia sua rota de cada dia. O riso espontâneo consolava o semblante sofrido. Pelo diálogo levado, eles já eram amigos-amados. Mas pela sociedade reinante, o pobre semblante era um ex-detido. E o riso espontâneo... Ah! Deixe-o como um ingênuo perdido”.

Sábado, 28 de setembro de 2019

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Gilmar Gusmão, o poeta das frases curtas

Ele sempre, onde chega, começa um assunto com a pergunta. "Mas... sabe o que acontece?". Antônio Gilmar Maia Gusmão ama comer pão sem manteiga com café sem açúcar ou adoçante. Ele detesta tirar foto quando está em seus habituais lanches vegetarianos. Virou vegano aos 25 anos de idade, em 1981, quando trabalhava na Biobrás. Colega de serviço dele na época, o chaveiro Antônio Cordeiro, da ChaveMOC (Rua Dom Pedro II), conta que era horário de almoço na antiga Biobrás (hoje Novo Nordisk).

Todo mundo o chamava de Gilmarzinho. De repente, Gilmar Gusmão pega um garfo e taca na testa do seu colega de trabalho. A partir daí, Gilmar é internado no Prontomente. O poeta silencia profunda e tristemente sobre a questão. Em 2011, administração municipal de Ruy Adriano Borges Muniz e José Vicente de Medeiros, o jornalista Girleno Alencar Soares entrevistou Gilmar na porta da Câmara Municipal de Montes Claros da Avenida João Luiz de Almeida, quando ele jogou duas pedras que se transformaram em cinco para protestar contra o aumento de 15 para 23 vereadores. Gilmar ainda tentou incendiar a Câmara esfregando gravetos entre as mãos. 

"O povo gosta de escrever é minúsculo. Pensa que todo mundo tem óculos pra enxergar?", questiona Gilmar Gusmão ao dizer que quer publicar um livro de poesias com a fonte Arial, tamanho 18. Seu sonho é registrar uma imagem dele segurando a espada do marujo catopê Miguel Sapateiro Pereira no meio de uma mercearia cheia de frutas, verduras e legumes crus, sua alimentação predileta. 

"Poesia minha é frasezinha pequena, entendeu?", define Gilmarzinho que costuma andar sempre de barba grande branca, de bermuda, sandálias e camisas com estampas de movimentos sociais e religiosos. É careca ou calvo. Sua cabeça é uma ilha deserta com cabelos esbranquiçados em volta. Antônio Gilmar Maia Gusmão nasceu em 03 de abril de 1956 na roça. "Toda cidade que eu ia tinha uma igreja católica", reforça. O poeta foi batizado em Aparecida do Mundo Novo por padre Hermano José de Morais Ferreira (padre Dudu) e registrado no Distrito de São Pedro da Garça, município de Montes Claros (MG), na época São João da Lagoa, hoje chamado Simão Campos, "grileiro matador de gente", como gosta de descrever o poeta do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. 

"Nasci em São Pedro da Garça, mas fui batizado em Aparecida do Mundo Novo", confirma o filho de José da Silva Gusmão e Ovídia Maia Cordeiro, com quase 100 anos. Conforme Gilmar, ela é de 26 de setembro de 1923. O poeta é neto de Afro da Silva Gusmão e Ana Antônia da Fonseca e de Febrônio Paulino Cordeiro e Romana Maia Cordeiro. Foi químico na antiga Biobrás, hoje Novo Nordisk. Saiu da empresa porque todo trabalhador tem medo de acreditar em sua própria versão. Serviu na Biobrás de 20 de dezembro de 1978 a 1984, no ano em que completaria seis anos no empreendimento comercial.

Trabalhou com muito produto químico e ficou internado no Prontomente. "Eu trabalhei nas máquinas mais difíceis da Bioquímica Biobrás", afirma. "Se faltasse um produto para concentrar ficava parado", relembra. "A ativação minha tava 18", diz. "Já fui em muito lugar dormindo acordado", faz memória. Tem proposta para simplificar a Língua Portuguesa. "E se todas as palavras com 'lh' e 'nh' forem substituídas por '#'?", sugere. 

Hoje é poeta e naturalista. Mora à Rua Coração de Jesus, 535, Centro, Montes Claros (MG), CEP 39.400-094 com a mãe, cuidadoras e seu irmão. É de uma família com 10 irmãos. A rua já foi sede da Polícia Federal (que se mudou para a Vila Brasília) e da sucursal do jornal "Hoje em Dia". Gilmar Gusmão foi voluntário da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Montes Claros. 

Na sexta-feira (23/02/2018), jogava dama no computador. Quando fez a última jogada, a da vitória, a luz foi embora. Um apagão tomou conta de boa parte da cidade de Montes Claros/MG. Gilmar Gusmão quer agora ganhar dinheiro com suas poesias, como o grande empresário ganha com a sua empresa e o político com a sua política. Gilmar Gusmão não deseja se aposentar por invalidez. Já foi homenageado pelo Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. Vota nulo há muito tempo. 

No dia do seu aniversário, em 2008, ele ganhou um blog (diário virtual): www.gilmargusmao.blogspot.com. Em dezembro de 2012, foi até o Dupere Hotéis (Rua Sílvio Teixeira, 402, São José) insistir para que o seu blog voltasse para a internet. Tinha sido apagado. É frequentador da Biblioteca do Autor Montes-Clarense "Maria das Mercês Paixão Guedes" e de acontecimentos culturais. Não anda de elevador. Sobe e desce escadas. Ofereceu moedas para o economista e, na época, missionário da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e trabalhador do Programa de Desenvolvimento Rural e Urbano (Proderur), Paulo Roberto Faccion, desencantar-se com a vida capitalista.

sábado, 5 de dezembro de 2020

"A cultura norte-mineira, por si só, já se espalha, se propaga", declara Terezinha Campos, presidente da AFL-MOC

Literatura, gastronomia, folclore, música e dança são marcas da região

POR Adriana Queiroz (texto)
Léo Queiroz (imagem)


Terezinha de Souza Campos e Neves nasceu em Montes Claros aos 18 dias do mês de setembro de 1945. “Graças a Deus, porque amo esse torrão”, diz a escritora. É professora aposentada com 40 anos de magistério sendo 25 anos na rede estadual de ensino e 15 na rede particular. “Com orgulho”, conta. No dia 02 de dezembro de 2019, a escritora tomou posse como presidente da Academia Feminina de Letras de Montes Claros (AFL-MOC). A instituição, fundada em 29 de julho de 2009, foi idealizada pela saudosa professora Yvonne de Oliveira Silveira, conhecida pelo seu imenso trabalho em prol da cultura de Montes Claros.

Como é presidir a Academia Feminina de Letras?

É congregar intelectuais e estudiosos da língua portuguesa, enaltecer a literatura e cultivar a cultura de nossa região. O lançamento de livros próprios ou alheios, a promoção de saraus poéticos, apoio e presença em momentos culturais da cidade mostram a relevância do trabalho da AFL de Montes Claros.

Na sua opinião, como está atualmente a disseminação da cultura norte-mineira?

A cultura norte-mineira, por si, só já se espalha, já se propaga por todos os recantos da região, do Estado e do país, alcançando culturas estrangeiras, através de intercâmbios intelectuais numa troca de experiências enriquecedoras num fluxo constante e contínuo desde o artesanato, as comidas, as performances literárias, as danças, as cantigas.

Quais são os desafios para o biênio 2020-2021? 

Pretendemos e vamos conseguir com a bênção de Deus editar uma Antologia a cada ano, conservando assim a proposta da Academia, através da antologista Marta Verônica Vasconcelos Leite. Lançamentos de livros pelas confreiras e outras pessoas da cidade e/ou região; envolver-nos com promoções culturais da cidade assistindo a esses momentos; convencionar a frequência de alunos à Biblioteca do Autor Montes-Clarense, fundada pela então presidente Felicidade Maria do Patrocínio Oliveira, com o apoio do Grupo Minas Brasil e de todas as confreiras da AFL. Esses são alguns desafios e outros vão surgindo, por certo.

Na sua trajetória profissional e pessoal, você é bem decidida. Se pudesse voltar no tempo, o que deixaria de fazer? 

Desacreditar em mim mesma; olvidar a opinião do outro quanto à subestimação de meus valores; deixaria de ser o que o outro quis que eu fosse, deixando prevalecer a sua ideia. Mas hoje eu sou assim tão determinada porque as avalanches que me sobrevieram me ensinaram a ser eu mesma, enfrentando as situações com galhardia, olhando além e acima dos percalços. Aprendi que os seres humanos somos assim: vaidosos, autossuficientes, mas há um Deus que nos redime e transforma. 

A sua posse foi muito prestigiada. Boa música, autoridades, família, amigos. Como você se sentiu no dia de sua posse? 

Foi um momento de grande emoção. Minha família, meus amigos, e ex-colegas, que se transformaram em amigas. Embora com chuva, eles estavam lá, inclusive um dos componentes do trio da Banda do 10º Batalhão de Infantaria (BI) foi meu aluno. Mas amigos, ex-alunos e família são todos família. 

Em que o número de acadêmicas é fundamentado? 

A AFL de Montes Claros, a exemplo da Academia Brasileira de Letras, foi inspirada na Academia Francesa, com 40 cadeiras e 40 patronos, que são pessoas importantes, já falecidas de gerações literárias anteriores. O termo academia remonta à Academia de Platão, escola fundada pelo célebre filósofo grego situada nos jardins, que um dia teriam pertencido ao herói Akademus (donde vem o nome). Ali buscava-se pela dialética socrática o saber pelo questionamento e pelo debate. Ao contrário da Escola de Isócrates, onde o conhecimento consistia na mera repetição do saber. 

Qual a importância para o Norte de Minas Gerais reunir tantos nomes na AFL? E como é feita a seleção? 

A seleção dos nomes baseia-se na arte de escrever, no gosto e na difusão da leitura e da escrita; publicação de livros, publicação em jornais e revistas e comprometimento com a Academia e com a Literatura. 

Fonte: Jornal "O Norte de Minas"

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Encanta-se Ovídia Maia Cordeiro aos 97 anos, mãe do poeta Gilmar Gusmão

"Se queres saber o que é a alma, contempla um corpo sem ela", Santo Agostinho

O 1º Cartório Maria de Lourdes Chaves e Teo Azevedo informa com pesar o falecimento da mãe do poeta Gilmar Gusmão: Ovídia Maia Cordeiro morreu na quarta-feira, 26 de agosto de 2020 aos 97 anos de idade. Nasceu em São João da Ponte no dia 27 de setembro de 1923 do casamento entre Romana Maia Cordeiro e Febrônio Paulino Cordeiro. Dona Ovídia vivia uma vida simples à Rua Coração de Jesus, Centro de Montes Claros, Norte Sertanejo de Minas Gerais, ao lado dos 10 filhos e duas cuidadoras. 

Nesta sexta-feira (28/08), o 1º Cartório Maria de Lourdes Chaves e Teo Azevedo divulgou a passagem de mais quatro pessoas. A causa da morte não é informada. Domingas Alves Fernandes nasceu em 30 de abril de 1933 em Coração de Jesus da união entre Augusta Martins de Jesus e José Alves dos Santos. Partiu em 18 de agosto deste ano aos 87 anos. 

José Quintiliano Sobrinho nasceu em 12 de janeiro de 1957 na Comunidade de Saudade, município de Juiz de Fora, na zona da mata mineira. Era filho de Ana Bernardina da Conceição e Domingos Quintiliano da Silva. Passou desta sociedade capitalista para melhor em 25 de agosto de 2020 aos 63 anos. 

José Joaquim nasceu em 15 de março 1948 em Janaúba da união entre Maria Castro de Jesus e Francelino Borges dos Santos. Morreu aos 72 anos no dia 25 de agosto deste ano. Maria do Carmo Pereira Xavier Martins dos Santos nasceu em 08 de dezembro de 1951 na cidade de Mirabela do casamento entre Justina Ribeiro Neves e Camilo Pereira Xavier. Morreu em 25 de agosto deste ano aos 69 anos. O 1º Cartório Maria de Lourdes Chaves e Teo Azevedo publica a coluna do obituário de terça-feira a sábado na página 04 do "Jornal de Notícias".     

sábado, 22 de agosto de 2020

Governo federal pretende construir barragem em área de preservação ambiental que afetará cinco estados brasileiros

Na quarta-feira, 19 de agosto de 2020, movimentos sociais promoveram debate online sobre a construção de mais uma usina hidroelétrica: a Barragem de Formoso, em Pirapora e Buritizeiro, no Norte de Minas Gerais, e que atingirá outros quatro municípios, como Três Marias e Lassance. O frei carmelita Gilvander Luís Moreira postou a discussão no www.youtube.com sob o título "Em Defesa do Velho Chico, Não à Barragem de Formoso!". O vídeo tem duas horas, sete minutos e cinco segundos e gerou 750 visualizações. 

Da Articulação Popular São Francisco Vivo, em Sergipe, Divaneide Souza, participou do debate e comentou que a região do baixo Rio São Francisco é afetada por esses empreendimentos comerciais que são as construções de barragens. O Estado Burguês desapropria as terras dos atingidos, reassenta-os ou indeniza-os muito precariamente. Estes acabam vendendo a terra para terceiros especuladores e vão aumentar a mão-de-obra barata nas cidades. "Tudo que vier feito no rio de forma irresponsável nos impacta. Estamos sem água para consumo humano", denuncia a liderança que critica o agronegócio e a ameaça nuclear em Itacuruba, Pernambuco. 

Essas obras na roça e em cidades pequenas aumentam o índice de depressão e hipertensão dos moradores "que tiveram de deixar sua terra sagrada", aponta Divaneide Souza. A ordem de serviço da Barragem de Formoso é de 2010. "A Codevasf [Companhia dos Vales do São Francisco e Parnaíba] nos espreme", afirma a articuladora ao explicar que a Codevasf desapropria terras de famílias rurais, loteia-as e vende-as mais barato a empresários. É a grilagem institucional burguesa através de empresas públicas. 

Da Comissão Pastoral da Terra do Norte de Minas Gerais, o engenheiro agrônomo Alexandre Gonçalves (Alemão) também esteve presente no debate. Ele é de São Paulo/SP. É corinthiano. Mas se apaixonou pela cultura ribeirinha. Ele considera que os pescadores dependem da dinâmica do Rio São Francisco. Para ele, os processos de licenciamentos ambientais de barragens são fraudulentos. Estão até querendo fazer processos remotos, ou seja, através da internet. Barragens beneficiam meia dúzia de empresários. Se for construído, o reservatório de Formoso não aumentará a jusante de Sobradinho, vai diminuir a quantidade de água disponível, citou estudo do professor José Patrocínio. "Água para a vida e não para a morte", manifestou-se Alemão. 

Do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) de Buritizeiro, o vazanteiro Clarindo Pereira dos Santos participou da mesa online "Em Defesa do Velho Chico, Não à Barragem de Formoso!". Ele foi criado às margens do Rio São Francisco. "Sou pescador. O Rio São Francisco sofre até hoje o impacto da Barragem de Três Marias. Os afluentes ajudam na recuperação de rios", observa Clarindo dos Santos ao sublinhar que a construção da Barragem de Formoso afetará a sobrevivência de milhares de famílias que dependem do rio. O agronegócio mata os rios com os seus agrotóxicos. "Nós dependemos do Rio São Francisco", adverte o ribeirinho. "Lá na Serra da Canastra nasce o Rio São Francisco que vai levando vidas para os estados que dele sobrevivem. Eles ficam com o lucro e nós ficamos com o luto", analisa.    

Outros participantes da roda de conversa virtual foram o casal militante da entidade "Velho Chico Vive", Pedro Melo e Lídia Botelho, advogada. "A Barragem de Formoso será um pouco menor do que a de Três Marias. Estão pensando em construir uma barragem em Área de Preservação Ambiental (APP)", denuncia Lídia Botelho. É proibida a construção de barragens nessas áreas. Serão impactados seis municípios. Sítios arqueológicos, comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas), bens históricos locais, fauna e flora correm risco de desaparecer, alerta a advogada. 

De Buritizeiro, a militante do Conselho de Pastoral de Pescadores (CPP), Laís Cristina, foi outra participante da roda de conversa virtual. "Alegam que vai ser bom para as comunidades, mas nem esclarecem os atingidos por barragens", declara a ativista. Em 2018, legislação burguesa aprovou corte de buritizeiro para barramento de água. O buritizeiro demora 500 anos para crescer, acumula água internamente e ajuda a matar a sede da população sertaneja, acrescenta. Os governos burgueses desejam deixar no esquecimento as comunidades tradicionais e ainda criminalizá-las, expõe. "O capital toma os espaços e impede os peixes de alcançar as cabeceiras por causa dos barramentos", reforça. Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas serão os estados atingidos pela Barragem de Formoso. Todos os projetos burgueses de lei de governos liberais são para assassinar os rios, canalizá-los e transformá-los em esgoto. "A Barragem de Formoso é altamente arriscada", pensa Laís Cristina ao mencionar que reintegrações de posse acontecem em áreas já reintegradas. 

O carmelita frei Gilvander Luís Moreira mediou o encontro online. "Não vamos permitir mais nenhuma barragem no Velho Chico", sentencia. Ele fez memória aos seis anos de falecimento do pedreiro do Edifício Montes Claros e fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Norte de Minas Gerais, Alvimar Ribeiro dos Santos (13/07/1954-19/08/2016). O engenheiro agrônomo Alexandre Gonçalves (Alemão) recorda que conviveu com Alvimar dos Santos durante 11 anos. "A reforma agrária vai nascer, mas ela vem do conflito de sangue", cita o militante da CPT o seu avô, em vídeo mostrado por frei Gilvander. No vídeo, Alvimar Ribeiro dos Santos também menciona que o primeiro 1º de maio que aconteceu em MOC-MG partiu dos movimentos sociais. Ele costumava declarar que "a maior fabricadora de sem-terras é a construção de barragens".  

Apenas o prefeito de Buritizeiro, Jorge Humberto Rodrigues, do Partido da Mobilização Nacional (PMN), posicionou-se a favor da Barragem de Formoso. Projetos de construção de barragens representam ganhos só para o dono a outorga. "Barragem não pode ser feita. Governo só pensa em dinheiro. Não pensa na pessoa que mora na beira do rio", comenta Waldir Alves durante a roda de conversa online. "Que eles pensem nas famílias que ali residem. Não à Barragem de Formoso", apoia Mônica Veloso os movimentos sociais nos comentários. Eulina Magalhães Caetano revela que nasceu na barranca do rio que viu nascer os pais, avôs e bisavôs dela. Maria Eugênia Bastos Diniz recorda que "Pirapora foi capaz de expulsar a ordem franciscana que praticamente nasceu na cidade" e defendia o social e o meio ambiente. "Na época da Ditadura que a Codevasf deu as terras", lembra. Desde a década de 1980 que o Rio São Francisco sofre com barramentos, insiste outro participante dos comentários do debate. 

"Olha, na foz de Formoso, colocaram uma placa proibindo acampar", informa Josemar Alves Durães. Cuidar do rio é cuidar da própria vida. Energia para que e para quem?, deve-se questionar. "A gente não quer mais barragem no Rio São Francisco. O Rio São Francisco precisa ser revitalizado. É luta, gente. Luta que segue. Rio São Francisco Vivo", protestam os movimentos sociais. O engenheiro agrônomo Alexandre Gonçalves aponta para os problemas sociais que serão gerados para a construção de mais um barramento: a retirada das famílias que vivem na região de Formoso, o impacto na dinâmica das cheias dos rios e a pressão muito grande sobre os serviços públicos de saúde e educação. O processo é kafkaniano, complicado e ilegal. Não é legítima, ou seja, a população não o apoia. 

O governador do velho Partido Novo, Romeu Zema, deseja privatizar a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), foi outro assunto discutido na roda de conversa virtual. Milhões de trabalhadores são atingidos por barragens no Brasil inteiro. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) não param de crescer. "Basta de barragens! Tem que frear o progresso econômico e envolver socialmente as pessoas. São Francisco Vivo! Terra e Água! Rio e Povo! É preciso defender o Velho Chico, o Nordeste e o Brasil", sinalizam os movimentos sociais. O grupo musical "Aroeira", de MOC-MG, e o fotógrafo João Zinclar foram citados ao final da roda de conversa online. Da entidade "Velho Chico Vive", Pedro Melo cantou a música "Brasil Lameiro: Tragédia de Brumadinho". A mineração arrasou Brumadinho em 25 de janeiro de 2019. Em 05 de novembro de 2015, a cidade mineira de Mariana era massacrada pela mesma mineração predatória. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Gabriel Filpi explica arte do 34º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético

As inscrições para o 34º Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético prosseguem até o próximo dia 31 de agosto de 2020, segunda-feira. Inscreva-se pelos e-mails psiupoetico@gmail.com ou psiupoetico.cinema@gmail.com. O programa cultural acontecerá virtualmente entre 04 a 12 de outubro deste ano. O tema destaca "DançaPalavra". A arte do Psiu Poético é de Gabriel Filpi e retrata uma máscara amarrada a um estilingue para o proletariado pensar em soluções de combater pragas, vírus e bactérias que os aflige pelo mundo capitalista. "Que suscite significados dentro de cada pessoa que a vir, que este estilingue nos lance além de tudo o que o Psiu já foi. E no voo, antes de atingir a mira, que aprendamos juntos a voar", explica o criador da arte do 34º Psiu Poético. Já "DançaPalavra" indica "desenho com finalização digital, grafite, lápis aquarelado, giz pastel oleoso, borra de café e marcador sobre papel, arte gráfica", descreve o artista. 


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Cachaçaria do Durães é lembrada no grupo Tripulantes da Máquina do Tempo

Na quarta-feira, 22 de julho de 2020, o grupo da rede social virtual Facebook Tripulantes da Máquina do Tempo fez memória à Cachaçaria do Durães, que funcionou nos anos 2000 na Rua Justino de Andrade Câmara (antiga Rua do Comércio), número 69, centro histórico de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. A sede foi reformada para abrigar um luxuoso restaurante. Hoje é sede do mandato da deputada estadual Marilene Alves de Souza (Leninha), do Partido dos Trabalhadores (PT). A moradora do Bairro de Lourdes, em MOC-MG, e militante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Norte de Minas Gerais, a socióloga Luzia Alane Rodrigues, animou o grupo. "Essa é pra galera das antigas de MOC. Quem se lembra do Bar do Durães? Ficava ali no Corredor da Fafil [Faculdade de Filosofia] no fundo da Matriz [igreja-sede da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São José, primeiro templo religioso e primeira catedral do município norte-mineiro] e eu era acadêmica de Sociologia. Vivia lá, inclusive, foi lá que iniciei minha vida alcoólica", sorriu. "Saudades do arroz com pequi que ele servia de cortesia, ou era subterfúgio para não entrarmos em coma alcoólico?", indagou. "Saudades do Durães", declarou nostálgica. 

A assistente social Fernanda Pereira Lessa, que mora hoje em Ouro Preto, e outras 145 pessoas curtiram a mensagem. Cinquenta e três pessoas comentaram o assunto e houve seis compartilhamentos. Daniela Wanderley Antunes afirmou que o Bar do Durães foi o "melhor bar da história de MOC: som ao vivo com Ricardo Viana e Lindomar Coimbra. Bons tempos", recordou. Luzia Alane Rodrigues citou que "era a época da Banda Caça Níquel do Ricardo Viana", apaixonou-se. Daniela Wanderley Antunes contou que "encontrou com Black na rua há uns 20 dias. Continua do mesmo jeitim", riu. Ângela Reis marcou presença. "É nóis!". Fabiano Fochi Piolho considerou muito positiva a lembrança. "Legal demais. Mas essa foto era na rua ao lado da Matriz, relíquia de MOC", corrigiu ao se referir ao Corredor Cultural Padre Dudu [Hermano José Ferreira, 100 anos em 16 de junho deste ano], batizado com esse nome no terceiro mandato municipal de Luiz Tadeu Leite (2009-2012). De acordo com o funcionário concursado da Secretaria Municipal de Cultura e criador do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, João Aroldo Pereira, o Corredor Cultural Padre Dudu deveria se chamar Raimundo Colares, artista plástico montes-clarense.

Maria Aparecida Fernandes apareceu para apaziguar os ânimos. "E uma tal de gabrielinha que servia no Durães?", perguntou. Luzia Alane Rodrigues alertou. "Oh, Cida, era o Tatá [Antônio Ataíde Durães] que fazia", revelou aos risos. Maria Aparecida Fernandes retribuiu as gargalhadas. Maria Beatriz mandou "beijos e saudações". César Santos apontou para a imagem que acendeu recordações em todo mundo. "Olha o meu amigo Reginauro Silva aí entrevistando". Val Ferreira mencionou "aquela cerveja gelada no fim da tarde". Lincoln Carneiro bateu palmas. Cida Araújo lembrou que José Pereira Durães é "pai da minha cunhada. Ele está enterrado, tratando de um problema cardíaco", informou. Vera Lúcia Guimarães Braga, assustada, interrogou. "Enterrado?". Cida Araújo retificou. "Desculpas. É o meu corretor. Internado". 

Norma Oliveira estava nostálgica. "Reginauro Silva! Saudades!". Reginaura Silva também sublinhou. "Saudades eternas" e pediu para o autor da imagem enviar para ela esta fotografia. O whatsaap dela é 38 9 9156 6925. Ela é irmã do trabalhador da notícia Reginauro Silva, do jornal "O Norte de Minas", hoje jornal "Hoje em Dia" e ligado ao grupo do político e empresário Ruy Adriano Borges Muniz. Cléo Motta declarou. "São lembranças inesquecíveis". Evely Ávila confirmou. "Eu lembro... e muito bem!". Fernanda Pereira Lessa confessou delicadamente. "Meus amores: Duras e Black". 

Giovanni Fagundes de Souza Neto a questionou. "Você não vai no Mercado de MOC não?". Lessa respondeu. "Não resido mais em MOC. Quando vou, é muito rápido", informou. Giovanni Fagundes de Souza Neto acrescentou que "ele mora perto do Mercado... Você estacionando saindo sentido fundo da Matriz, primeiro quarteirão, lado esquerdo", tentou explicar a atual residência do braço direito de José Pereira Durães, proprietário da Cachaçaria do Durães. "Meu amigo Black! Por onde andas...", reforçou Ângela Mary. Giovanni Fagundes de Souza Neto comentou. "Ontem eu o vi. Você não vai no Mercado de MOC? Não (risos)... Outra vez, você passava em frente dele", disse. 

Ângela Mary admitiu. "Tem anos que não o vejo. Tem mais de dois anos que não vou ao Mercado. Voltei tem cinco meses direto pra cá. Gosto muito dele". Giovanni de Souza Neto exclamou. "Sei onde ele mora!". Sheila Janaína Durães Ramos perguntou, curiosa. "Aonde encontramos Black? Sou filha de Durães. Precisamos falar com ele URGENTE", informou. Giovanni Fagundes de Souza Neto explicou novamente. "Ué... Fácil... Rua do estacionamento do Mercado, sentido Matriz, primeiro quarteirão, lado esquerdo. Tem lojas de fogão ou lado esquerdo". Bernadete Versiani melhor esclareceu. "Black mora e trabalha na Rua Cabo Sant´Ana. Ele trabalha com um moço que conserta fogões". 

Raquel Rodrigues observou a fotografia e a nostalgia transpareceu em seu espírito. "Meu amigo Duras e meu irmão Reginauro. Vivemos ótimos momentos: Danuza, Margô, Eduardo Brasil, Soninha, Ernane Camisasca, Fernando A, Fernando B, Malu, Ivana e tantos outros...". A socióloga Luzia Alane Rodrigues voltou à adolescência e à juventude. "Sou desse time, Raquel, de Danuza e Maluh. Saudades", apertou o coração. Soraia Simões informou. "Durães também voltou para MOC. Mora no Santa Rita. Black mora num quartim perto do Mercado". 

Daniela Wanderley Antunes relembrou de outro bar da cidade. "Outro barzinho massa era o Estação 36 na Avenida Francisco Sá. Alguém lembra?". Jean Carlo concordou. "Lembro sim. Tinha pouco dinheiro. Então pedia de tira-gosto uma porção de amendoim". "Grande Regi", exaltou a fotografia Walmir Freitas. Daniela Wanderley Antunes continuou a recordar de mais barzinhos memoráveis da cidade norte-mineira. "E tinha também o Confluência, o Café, Letras e Expressões na Camilo Prates. Muito bacana!". Érica Manu Alcântara se sentiu exaltada. "Olha Lau", apontou com cara de felicidade. Fabiano Ribeiro marcou Frederico Silva. "Olha seu pai de repórter aí". Dagmar Souza de Oliveira fez praticamente o mesmo. "Olha o Reginauro Silva aí, amigo de meu marido". 

Cláudia Bispo ficou nostálgica. "Saudades". Wenderson Veloso elogiou. "Durães, grande figura". Kildare OK foi ao fundo do poço. "Lembra daquela pimenta escondida, urraaaaa". Vanda Gonçalves de Caires alertou uma amiga. "Zélia, minha querida colega. Saudades...". Ivone de Carvalho reforçou o sentimento. "Muitas saudades". Vera Andrade exclamou com força. "Saudades!!!". José Pereira Durães nasceu na cidade de Brasília de Minas, em 10 de outubro de 1949. Era filho de Leotina Pereira da Rocha e José Ferreira Durães. Faleceu na manhã de quarta-feira, 29 de julho de 2020, sete dias após o grupo virtual Tripulantes da Máquina do Tempo exaltar o seu histórico barzinho. Morava no Bairro Santa Rita de Cássia de MOC. Trabalhou no Frigorífico Wilson, em São Paulo/SP. A Cachaçaria do Durães era fequentada por Igor Xavier e Ricardo Athayde. José Pereira Durães era amigo de Theodomiro Paulino e Paulo César Mota Santiago. A Cachaçaria do Durães incomodou outros barzinhos que lucravam muito durante a realização das festas de julho do Parque de Exposições João Alencar Athayde. 

Imagem registrada da Cachaçaria do Durães em 2005

Imagem registrada da Cachaçaria do Durães em 2005

Imagem registrada da Cachaçaria do Durães em 2005


Cachaçaria do Durães depois de 2005 (imagem da internet) 


Cachaçaria do Durães depois de 2005 (imagem da internet)

Cachaçaria do Durães em reforma (imagem da internet)

Cachaçaria do Durães hoje (imagem da internet)

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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Burocracia emperra Agência Nacional do Cinema que administra fundo de R$ 382 milhões

Operário do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro (SindSPrev), o jornalista André Luís Pires Pellicione, criticou, no domingo, 26 de julho de 2020, em sua rede social virtual Facebook, a Agência Nacional do Cinema (Ancine). "A Ancine é um lixo. É composta por burocratas incompetentes cujo único objetivo é combater e destruir o cinema brasileiro", desabafou. 

Concordaram com o jornalista Luís Pelliccione 10 pessoas que deixaram cinco comentários. João Barbosa salientou que "dá para se notar quando é para nos dar apoio". Saulo Andrade apontou que "o que atrapalha a Ancine é o governo Bolsonaro. Se fosse qualquer outro presidente, seria outra coisa...", opinou. André Pelliccione argumentou que "não seria diferente não. A Ancine é um aparato burocrático constituído como parte de um modelo neoliberal aplicado no Brasil já nos anos 1990 e cujo objetivo é ´gerir´ o desmonte do Estado. Esse modelo de ´agências´ foi introduzido no país durante o governo FHC [Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil de 1995 a 2002], o famigerado modelo que, além da Ancine, inclui a ANS [Agência Nacional de Saúde], a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações], a Agetrans [Agência Nacional de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias] e demais ´agências´, cujo objetivo é tão somente savalguardar os interesses do capital privado e agir contra os consumidores e a população em geral. Na Ancine, por exemplo, milhares de prestações de contas de filmes brasileiros ainda não foram respondidas, apesar de os produtores desses filmes terem cumprido todos os prazos exigidos pela Ancine. Tudo porque os incompetentes burocratas daquela agência sentaram em cima dos processos e não fizeram a sua parte que seria apreciar essas contas", considera o sindicalista e conscientiza mais ainda sobre a realidade do cinema brasileiro.

"A Ancine é composta de burocratas incompetentes que, além de combaterem o cinema brasileiro, nada entendem de cinema e tudo fazem para atrapalhar quem realmente faz cinema no Brasil. O pior é que a Ancine administra uma verba milionária, cerca de 382 milhões de reais, que está parada na agência, enquanto os produtores brasileiros necessitam de financiamento. Quero lembrar ainda que, em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o então diretor-presidente da Ancine, Christian de Castro Oliveira, por crimes de falsidade ideológica e contra a ordem tributária. A Ancine é mesmo um lixo", reforçou André Pelliccione. O sucateamento do cinema brasileiro começou também no governo liberal de Fernando Collor de Mello (1990-1992), que sucateou a Empresa Brasileira de Filmes Sociedade Anônima (Embrafilme S. A.), criada na Ditadura Burguesa Civil-Militar Brasileira (1964-1985) através do decreto-lei de número 862 de 12 de setembro de 1969 e que ajudava bastante a distribuir a produção cinematográfica nacional. Coordenador do Curso de Comunicação Social (Jornalismo) das Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte) desde que o professor João Henrique Moreira de Faria deixou a instituição, o jornalista Elpídio Rodrigues da Rocha Neto sempre sublinhou essa questão nas sessões do CinemaComentadoCineClube em MOC-MG.         

Ex-goleiro de time criado no dia do trabalhador exalta comerciante norte-mineiro

Na segunda-feira (03/08), o ex-goleiro da Associação Desportiva Ateneu fundada em 1º de maio de 1947 e jornalista, Felipe Gabrich, publicou duas vezes em sua rede social virtual facebook a informação do falecimento do comerciante José das Neves Correia, a quem definiu como "uma vida dedicada ao comércio e à sua cidade!". O anúncio do falecimento pelo trabalhador da notícia foi motivo para 10 demonstrações de carinho e um comentário. 

Joselito Almeida emendou que José das Neves Correia "atualmente morava próximo à Mirabela em uma pequena propriedade rural. Ia sempre no barbeiro da cidade", fez memória. Outro título que Felipe Gabrich daria à morte do comerciante seria: "MOC chora a morte de José das Neves, um de seus maiores vultos". Trinta e duas pessoas se emocionaram com as palavras, o que gerou quatro comentários no facebook. Naide Abreu discorreu que José das Neves Correia foi "um cidadão que participou ativamente do desenvolvimento da nossa cidade, seja como comerciante ou como representante de sua classe comercial. Que Deus o tenha em bom lugar", desejou. 

Eduardo Guimarães confortou familiares. "Que siga em paz e na luz". Antônia Rosa Maia completou. "Que a família seja confortada pela certeza de que ele será muito bem recebido na Casa do Pai por tudo que soube fazer pelos que com ele conviveram". Ludy Montes Claros emitiu os "meus sentimentos". Neste dia, conforme a Rádio CBN [Central Brasileira de Notícias], a rádio que toda notícia, ocorreram 572 mortes por coronavírus no Brasil em um único dia. O terceiro dia do mês de agosto teve 18 mil e 43 novos casos da doença. O maior país da América do Sul tem um total de 94 mil e 702 mortes pelo Sars-Cov-2. Houve alta nos óbitos nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Acre e Tocantins.  As informações são do consórcio de veículos de imprensa aliado às Secretarias Estaduais de Saúde, já que o Ministério da Saúde está desgovernado.     

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Felicidade

O que nos faz
Buscá-la
Assim tão longe
E com tamanha
Sofreguidão
Se ela jaz
No peito 
A esperar 
Paciente
Já pronta
Em botão

Mariza Figueiredo
(Pão de Poesia)

A partir do facebook de Guilherme Souza

sábado, 1 de agosto de 2020

Chico Anísio adquiriu camisa no Lojão 23 quando esteve em MOC-MG

O grupo da rede social virtual Facebook, Tripulantes da Máquina do Tempo, recordou esta semana show do humorista Chico Anísio (1931-2012), na década de 1990, que aconteceu no CineMontesClaros, localizado à Rua Governador Valadares, centro comercial de MOC-MG, perto de agência do Banco Bradesco, e onde hoje funciona as Lojas Carvalho. A fachada do cinema de rua ainda está preservada. Os fundos do cinema deram lugar a um estacionamento. O CineMontesClaros sediou em 1996 a formatura da primeira turma de Direito depois da estadualização da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Dentre os formandos, Otávio Augusto Neiva de Melo Franco, procurador do município de MOC no governo de Athos Avelino Pereira (2005-2008), professor concursado na mesma Unimontes e ex-professor das Faculdades Santos Agostinho (Fadisa), que foi comprada pelo grupo empresarial neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na sexta-feira (31/07), às duas horas e quatro minutos da madrugada, o trabalhador da notícia, João Renato Diniz Pinto, perguntou. "Lembra que Chico Anísio veio à MOC no CineMontesClaros e criou texto só com palavras iniciadas pela letra M?". A recordação teve 14 curtidas, dentre elas, a do professor Guilherme Souza, filho do coronel Georgino de Souza e irmão do artista Georgino Júnior. A pergunta motivou 14 comentários. Castilho José de Carvalho cita o Café Galo, ponto tradicional de encontro dos montes-clarenses e onde funcionou a clínica do médico, historiador e folclorista, Hermes Augusto de Paula (1909-1983). "Tem um retrato dele lá no Café Galo, tomando um cafezinho com Jadir Rodrigues", fez memória. 

"E Jadir? Como e onde está?", quis saber Clarice Guimarães. "Infelizmente, Jadir faleceu já faz um bom tempo", responde Marcello de Freitas Rebello. "Faleceu", reforça a informação Castilho José de Carvalho. Sérgio Augusto Moreira Bastos bate palmas. "Ele [Chico Anísio] disse que seria sua última tournê e que depois iria se aposentar. Não foi o que aconteceu", lembrou. "Comprou uma camisa no Lojão 23", enaltece Luís Carlos Rodrigues a compra do humorista em uma loja popular do município norte-mineiro. "Foi na galeria do Mercado Municipal naquela época?", fica curioso João Aparecido Dias. "Isso mesmo! Foi na galeria do mercado municipal quando este era na Rua Coronel Joaquim Costa, no centro da cidade", confirma Luís Carlos Rodriques. "Eu estava lá", afirma Iede Costa que participou deste show de Chico Anísio.      

Fonte: Wikipedia, a enciclopédia livre da internet

Fachada do CineMontesClaros ainda está praticamente preservada pelas Lojas Carvalho

sexta-feira, 31 de julho de 2020

José Pereira Durães, inimigo de Ricardo Athayde, assassino do bailarino Igor Xavier

Nascido em Brasília de Minas no dia 10 de outubro de 1949 do casamento entre Leotina Pereira da Rocha e José Ferreira Durães, José Pereira Durães faleceu na manhã de quarta-feira, 29 de julho de 2020. Morava no Bairro Santa Rita de Cássia em MOC-MG. Trabalhou no Frigorífico Wilson, em São Paulo/SP. Era dono da Cachaçaria do Durães na Rua Justino de Andrade Câmara (antiga Rua do Comércio), no centro histórico da cidade. A Cachaçaria do Durães chegou a incomodar os barzinhos do Parque de Exposições João Alencar Athayde. Em entrevista a Reginauro Silva no dia 22 de julho de 2005, José Pereira Durães desabafa e revela que Ricardo Athayde o prejudicou.

"Você disse que não guarda mágoa de ninguém, mas teve um pessoal que te perseguiu muito naquele outro ponto, principalmente logo após o assassinato de Igor Xavier. Como é que foi isso?", pergunta Reginauro Silva, do jornal "O Norte de Minas" e hoje jornal "Hoje em Dia". "Eu fui muito prejudicado na época, porque parece que o assassinato tinha sido dentro do meu bar, e meu bar não teve nada a ver com o crime. Eles se encontraram lá, saíram de lá, infelizmente aconteceu, então, muita gente se afastou do meu bar. Muita gente", diz entristecido. "Mas tem alguém, especificamente, que o prejudicou?", insiste Reginauro Silva. "A única pessoa que me prejudicou foi a família Athayde, o Ricardo Athayde. Se eu encontrar com ele hoje, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele. Ele me prejudicou, me fez pedir dinheiro emprestado pra pagar luz, água e funcionário. Fui à falência", confessa Durães que morreu perto de completar 71 anos de idade.

"Foi uma campanha cerrada contra o barzinho Casa Grande?", pergunta Reginauro Silva. "Sim! Esse lance de Igor, pessoa linda e maravilhosa, que sempre me ajudou, sempre promovia a casa, esse negócio que aconteceu com ele lá foi terrível!", recorda. "E o Ricardo Athayde está solto até hoje. O que você acha disso?", indaga. "É, fazer o quê?", aponta, impotente. "A gente está vendo emoção nos seus olhos. Você está quase chorando. Isso o emociona muito, não é? Você sente muito essa história, não é? Isso te marcou muito, né?", compreende Silva. "Marcou, marcou, marcou... [quase em lágrimas] Foi a terceira vez que Ricardo tinha ido ao meu bar. Primeiro, ele foi com João Avelino (Neto, secretário municipal de Segurança e Direitos do Cidadão); depois ele foi com a esposa e o filho; a terceira vez, ele foi sozinho, que foi o dia em que aconteceu [o assassinato, no apartamento do próprio Ricardo, em fevereiro de 2002]", narra Durães.

"Nesse dia, você não percebeu qualquer tipo de premeditação, não?", continua Reginauro Silva. "Não. Então, eu o tratei como um cliente normal, nunca sentei na mesa dele pra conversar com ele", testemunha. "Ele estava com o Igor?", insiste novamente. "Não. Ele não estava com o Igor. Coincidentemente aconteceu de, na hora, ele sair... Igor passou na mesa dele, tinha uma amiga nossa na mesa, cumprimentou e saíram juntos", acrescenta. "Quem era essa amiga?", deseja saber o comunicador. "Ela se chama Ivana", revela José Pereira Durães. "Essas pessoas que frequentavam seu bar antes da tragédia e, depois, deixaram de frequentar, você não os considera como seus amigos, mas se chegarem aqui você os recebe de coração?", pergunta Reginauro Silva. "Com certeza! Daí pra cá aconteceu... meu bar virou um local marginalizado, todo mundo derrubando o bar de Durães, o Casa Grande e tal, mas...", é reticente. "Falam que se consumia droga lá...", argumenta Silva. "Ah, com certeza. Sempre falaram, bar de Durães só dá maconheiro, cheirador de cocaína, mas superei isso tudo. Deixa pra lá...", joga a toalha. Na entrevista, José Pereira Durães relata que estabeleceu amizade com o colunista social Theodomiro Paulino e com o empresário Paulo César Mota Santiago. Clique AQUI e leia a entrevista na íntegra.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Morre José Pereira Durães, brasilminense e proletário do Frigorífico Wilson, em São Paulo/SP

Faleceu na manhã de quarta-feira, 29 de julho de 2020, aos 71 anos, o dono da Cachaçaria do Durães que toda quinta-feira oferecia arroz de pequi e carne de sol de graça aos estudantes e militantes de movimentos sociais. A Cachaçaria era localizada na Rua Justino de Andrade Câmara (antiga Rua do Comércio), no centro histórico de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O prédio foi reformado para abrigar um restaurante, mas hoje é sede de escritório regional do mandato da deputada estadual Marilene Alves de Souza (Leninha).

Nascido em Brasília de Minas, José Pereira Durães fechou a Chaçaria e retornou para São Paulo. Voltou para a cidade norte-mineira e morava no Bairro Santa Rita de Cássia. Apreciava cerveja Glacial e comia acerola. Em entrevista no dia 22 de julho de 2005 a Reginauro Silva, também falecido, através do jornal "O Norte de Minas", José Pereira Durães brincou que "no meu scoth bar não entra casal de gays, a não ser um de saia e o outro de calça". A Cachaçaria tinha acabado de ser reformada e pintada artisticamente com cores vivas. Presenciaram este instante Dener Kruger, Malu Carvalho, Marília Vieira e Micheline Ubaldo. Confira!!!

Talvez, em outros locais não, mas esta entrevista vai explodir como uma bomba na parte histórica da cidade, a chamada baixada de Montes Claros. Mais precisamente, na Cachaçaria do Durães, que já se transformou em ponto de referência, parada obrigatória de visitantes de várias partes do país. E camarote permanente de boêmios e intelectuais que até altas horas da noite discutem ali os mais polêmicos assuntos sobre a vida de todo mundo e a vida de cada um, inclusive do dono, José Pereira Durães, o mais forte candidato à sucessão de Afrânio Temponi como rei da noite desta terra de Figueira.

Não se sabe no colo de quem, mas o petardo detonado por Durães, também conhecido como Duras, começa a explodir com sua decisão de criar um scoth bar, ao lado da Cachaçaria, apenas para casais heterossexuais. Logo ele que patrocinou, recentemente, a 2ª Parada do Orgulho Gay, que reuniu cerca de três mil rapazes e moças alegres exatamente na rua do scoth, a Justino Câmara, 69. Para tentar transmitir ao leitor o clima descontraído que dominou a entrevista (e não poderia ser diferente quando se trata desse filho de Brasília de Minas), está sendo inaugurado o processo de cronometragem das risadas, medidas a partir de cinco segundos. O entrevistado só perde o humor quando o assunto é a campanha de difamação que quase o levou à falência, logo após o assassinato do bailarino Igor Xavier.

"Se eu encontrar Ricardo Athayde, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele", compromete-se. No mais: "Pra mim, ó, tudo às mil maravilhas. Não tenho nada a reclamar", afirma.

A entrevista

Você é de Brasília de Minas. Como é que veio parar em Montes Claros? E por quê?

"Ora, porque eu saí de Brasilinha de Minas e tal... pra procurar uma coisa diferente, e caí em Montes Claros (nos anos 1960)"

Como é que era Montes Claros naquele tempo?

"Nesse tempo eu trabalhava na Rua Camilo Prates com Eustáquio Crusoé (Loures de Macedo, hoje advogado), na fábrica de bebidas Luna! [risos] [Cantarolando] Guaraná Luna/Guaraná Luna/É gostoso de tomar/Guaraná Luna/Guaraná Luna... [risos]. Trabalhei primeiro com o pai dele, o Robson Crusoé (falecido advogado). Aí, eu fui trabalhar com Eustáquio. Ele era contador e eu era uma espécie de office-boy. Eu morava no São Judas Tadeu"

Mas por que você veio de Brasilinha?

"É que Brasília de Minas não tinha um campo, a coisa que eu estava querendo... Não estava tendo apoio do pessoal, cê tá entendendo?"

Você já veio com emprego arrumado, alguma coisa assim?

"Não!!!"

Você veio com a cara e a coragem?

"É, eu vim com a cara e a coragem: Eu vou sair de Brasilinha, e pronto!"

Sozinho?

"Sozinho, sozinho, sozinho..."

Você chegou a fazer parte da turma da Gandaia, de Rosana Silqueira?

"[Depois de 18 segundos de risos] Não, não, não! Fiz parque aqui... [risos]"

Quando é que começou essa história de boteco em sua vida?

"Essa história de boteco começou em 1967. Era a Maria Bibelô, lá na Rua Bonfim [cinco segundos de risos]"

Você já começou lá no puteiro... [risos]

"É, já comecei no puteiro [risos]. Depois eu fui pra São Paulo. Durante três anos, eu trabalhei no frigorífico Wilson"

Fazendo o quê?

"Em câmaras frias. Oito graus abaixo de zero... [risos]. Ontem estava nove graus pra cima aqui e eu trabalhei oito abaixo de zero. Aí, eu retornei pra Montes Claros em 1970. Quando abriu o [restaurante] Choppão na Rua Altino de Freitas com Lafetá"

Do Deodato Biondi...

"Deodato Biondi!!! [risos] Eu trabalhei lá como garçom. Aí, Theodomiro Paulino estava entrando na onda de colunismo social e tal, pá, pá, pá... Ele era relações públicas do Choppão. Mas, como ele é muito bobinho [risos], ele abriu o Theo's House e eu fui trabalhar com ele [risos]. Trabalhei com Theodomiro durante oito a nove anos"

Ô Durães, e o negócio da viadagem te acompanhar [risos], sem restrições. Essa turma toda que gosta de você, te frequenta e admira, nasceu nessa é época?

"Eu sempre fui assim. Se você chegar, se ela [Micheline] chegar, se Reginauro chegar, estacionando um carro, eu vou lá na fora, abro a porta e acompanho você até a mesa.  Eu acho que foi por aí a coisa, cê tá entendendo?"

Assim é melhor pra todo mundo, sem ferir princípios nem nada...

"Exatamente, então eu comecei a receber alguns prêmios como melhor garçom, até que pintou um grupo paulista, que montou a boate Cogumelos e o barzinho Guy"

Do Arnaldo Colantâneo...

"Arnaldo Colantâneo!!! Eu é que era o relações públicas..."

Você era relações públicas, é! [risos] Como era a noite em Montes Claros nos anos 1970?

"Nos anos 1970, a noite em Montes Claros era Theo's House, era Redondo, Pizzarela, Zepellão..."

E a mulherada?

"[Pensativo] A mulherada... Era a melhor coisa que tinha [risos]"

Afrânio Temponi...

"É, Afrânio Temponi, entendeu? Foi o campeão, o rei da noite"

João Comodoro (empresário da noite, também já falecido) foi de sua vivência?

"Eu frequentei alguns cabarés de João Comodoro [14 segundos de risos]. O circuito era Cogumelos, Pilangos e Comodoro, quando o dia já estava chegando, montes-clareando... Os fregueses fechavam um e ia para o outro [risos]"

Como foi a inauguração do primeiro motel em Montes Claros?

"O primeiro era do Mário Gabi, o Sand's"

Tinha, realmente, aquela história das mulheres que ficavam escondidas no mato em frente ao motel para ver se estavam sendo traídas pelos maridos? [risos]

"Tinha. Tinha, sim! Inclusive eu acompanhei algumas... [risos]"

Como assim?

"Não, porque tinha sim! Umas amigas minhas pediam e eu ia com elas"

Elas te contratavam?

"Não, não contratavam, não! Me chamavam para fazer um passeio, e a agente ia"

Você chegou a dar um flagrante?

"Não, não, não. Nunca!"

Nesse tempo o motel era chamado de casa do capeta... [risos]

"Exatamente. Casa do capetão [risos]"

Como é que foi seu casamento? Como é que você conheceu dona Zilca?

"Dona Zilca é de Brasilinha também. Nós nos conhecemos lá. Nos casamos, vivemos durante 22 anos, mas ela não conhecia o Durães, porque eu trabalhava como garçom. Então, quando eu passei a trabalhar pra mim mesmo, é que ela foi conhecer o Durães, entrou naquela crise... foi na época da Fafil, aqui no fundo da Matriz"

O Beco da Vaca... [risos]

"É, Beco da Vaca. Aí, ela foi conhecer o outro lado do Durães"

Qual é o outro lado do Durães?

"As amizades... que ela não sabia. As amizades que eu tinha. Então, se eu estava conversando com Marina, ela achava que eu já tava comendo Marina"

Mas você comia mesmo?

"Não, não, eu sempre tive vontade, mas nunca comi não [23 segundos de risos]"

E você tem essa vontade até hoje?

"Não, não, esse sonho já foi realizado... [15 segundos de risos]"

Por que você tem um ciúme danado de Margô, Thamísia, essas meninas todas? É ciúme paternal ou...

"É paternal. São todas minhas amigas, pessoas que eu amo, que cuidam de mim, são pessoas que têm um carinho muito grande por mim, sabe? São pessoas que me telefonam, vêm de madrugada saber como eu estou. Se souberem que minha gota está atacando, elas trazem remédio pra mim... [risos]"

E Cláudia?

"Cláudia Bispo é uma pessoa muito especial que eu descobri agora, de uns três, quatro meses pra cá. Conhecia há muito tempo, mas o lado dela que eu descobri mesmo foi há uns três, quatro meses. É uma pessoa que está me deixando tranquilo. Ela estando aqui, eu posso ir pra casa dormir sossegado"

Que lado dela você descobriu?

"O lado profissional. É uma pessoa competente, muito especial"

Como estão suas quatro filhas hoje?

"A mais velha mora em Ilha Comprida, a Sheila; tem a Francine, que mora em São Paulo, capital"

Todas solteiras?

"Não, todas casadas. Tem Karina, que está em Montes Claros, inclusive o filho dela, meu neto, está aqui comigo; e tem a Francilene, que mora aqui também"

Você se considera uma pessoa realizada ou falta alguma coisa ainda? 

"Eu me considero uma pessoa realizada, tranquilo"

Para ter essa tranquilidade e essa realização, você contou muito com os amigos. Quem você citaria como seus maiores amigos hoje?

"Chico Lenoir sempre foi o Número 1. Aí vêm Denílson Arruda, que é meu padrinho, Carla Correia, minha amiga Márcia Prates, Marcelo da Autopeças 2 Irmãos, minha linda Mara Lima [Gritando: minha linda, maravilhosa, eu te amo!], Thamísia Guerra, Dudu Prates, Cibele e Carlinhos Muniz, Leninha e Rayo..."

Político, não...

"Não, não, não existe político! Agora, foram meus amigos que me ajudaram nessa caminhada. Por sinal, montaram meu bar, eu não tinha nem condições"

Quem mais, Durães?

"Aí vêm Marília, Ana Banana, né, Ana? Tá lá trabalhando [fazendo um painel no muro da Cachaçaria], linda e maravilhosa [risos]... Shirlinha, pode ser que eu tenha esquecido algum nome, mas é esse pessoal aí"

Como é que foi sua passagem por Ipanema, no Rio de Janeiro, aquela orgia nacional?

"Ô, Reginauro, hoje não. Hoje eu tô passando, com meus 56 anos, uma das melhores fases da minha vida. Mas Ipanema foi linda, maravilhosa... [risos] Quando eu via Regina Duarte, Luma de Oliveira, atores de teatro..."

Quem levava? [risos]

"Era você mesmo, né, Reginauro?! [Os olhos no horizonte] Luma de Oliveira..."

Ficou quanto tempo lá...

"Fiquei dois anos e meio. Conheci Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, frequentava a favela. Eles mandavam me buscar. Eu tinha carteirinha pra subir a qualquer hora do dia ou da noite, entendeu? Chegava e ficava o final de noite com eles"

Era o Galeto de Ipanema, não é?

"Galeto de Ipanema!"

Como era seu relacionamento com os gringos que chegavam lá, os americanos... porque lá ia gente de tudo quanto é lugar do mundo. Como é que você conseguia falar com essas pessoas?

"Eu tinha um relacionamento bom com os gringos"

Era tão bom que, um dia, você teve que correr atrás de uns que levaram suas garrafas... Você correu até a Vieira Souto atrás deles... [15 segundos de riso]

"A Vieira Souto, é, eles iam levando minhas garrafas [risos]"

Eles achavam que eram descartáveis, né? [risos]

"É, eles achavam que eram descartáveis. Foi muito engraçado. Chegava uma turma de oito, dez, cada um pedia uma garrafa de cerveja e não pedia copo não [risos]. Pagavam, viravam assim no gargalho e saíam..."

E você saía correndo atrás? [risos]

"Saí correndo atrás... [risos]"

E o dia em que atiraram lá de cima do Cantagalo e a bala passou em frente ao bar e todo mundo saiu correndo pra dentro do Galeto de Ipanema?

"Ah, é, rapaz, eu sei que a bala atingiu o primeiro quiosque e matou uma mulher lá. Bala perdida. Atiraram lá de cima"

E todo mundo se espremeu dentro do bar?

"Todo mundo correu pra dentro do bar e a bala passou, tipo um míssil, e atingiu a mulher no quiosque lá na praia"

Havia brigas frequentes com aquele pessoal do Cantagalo?

"Não. Todo mundo tinha o maior carinho, o maior respeito comigo. Todo evento que tinha no Cantagalo, Pavão, Pavãozinho, eles mandavam me buscar, assim, duas horas da madrugada, quando eu fechava o bar. E todo dia tinha festa... Eu subia com eles e, quando eram quatro horas da madrugada mais ou menos, eu chamava o chefão, que se chamava Arnaldo... inclusive eu torço pro Botafogo, hoje, por causa desse Arnaldo, que era botafoguense. E eu falava: Arnaldo, eu quero descer pro asfalto... porque, lá, eles chamam de asfalto cá embaixo, quem mora cá embaixo. Aí, eles me acompanhavam. Eu morava no 16º andar. Eu entrava no elevador e, quando estava no meu apartamento, ligava o interfone liberando os caras que vieram me acompanhar"

Você falou do pessoal do teatro, da televisão, que prestigiava o seu bar, mas Paulo César (Mota Santiago) teve muita participação no movimento do bar também, não é?

"Paulo César Santiago teve, teve... inclusive foi ele que me levou para o Rio. É um cara que sempre me deu força. Eu trabalhei com ele durante 16 anos"

Nesse período, quantos litros de uísque você abriu para Paulo César e a turma dele lá no Rio, inclusive o pessoal da Rio Car?

"Olha, Reginauro [risos]... é brincadeira! Foram muitos e muitos e muitos litros..."

Bala 12 [Ballantines]?

"Bala 12 [risos]..."

Você tem muita saudade daquele tempo?

"Olha, o Rio, pra mim, é o Rio! O povo fala do Rio, mas no Rio não tem violência! São Paulo tem, mas o Rio de Janeiro não tem!"

A gente sempre andava à vontade, inclusive de madrugada, só de bermuda e chinelos, e nunca aconteceu nada...

"Nunca aconteceu!"

O Rio de Janeiro continua lindo. Como é que você divide essa paixão que você teve pelo Rio e essa realização que está acontecendo hoje em Montes Claros?

"A semente que eu plantei, as raízes estão todas aqui em Montes Claros. O Rio é uma cidade maravilhosa, só aconteceram coisas boas pra mim, mas Montes Claros está em primeiro lugar"

O que você considera que foi um rio que passou em sua vida, coisa que desagrada, que você não se interessa mais em lembrar?

"Ah, sim! Não tenho mágoa nenhuma. Eu sou um cara feliz, não tenho mágoa de nada. Tudo que eu sonhei, inclusive em ter um barzinho como este, igual ao scoth bar que estou montando aqui ao lado, meu sonho está sendo todo realizado. Pra mim, ó, tudo às mil maravilhas. Não tenho nada a reclamar, não tem rio que passou..."

Como é que vai ser esse scoth bar?

"Eu estou montando esse salão aí, que é mais para vernissage, entendeu? Quando não tiver uma vernissage, pode ter um aniversário..."

É verdade que é só para casais?

"Quando pintar uma festa com até 70 pessoas, aniversário, tudo bem. Agora, quando não tiver evento nenhum, aí eu vou abrir como scoth bar só pra casais"

Como é que você vai administrar isso? Vai ter alguém na porta para deixar só casais entrarem?

"É, vai ter uma portaria. Só vai entrar casal. Se você chegar sozinha, não entra!"

Mas, na evolução que já chegou à Europa e está chegando às Américas, casais de gays, como é que fica?

[Depois de pensar muito] Não, não, não!!! É só homem e mulher! A não ser um de saia e o outro de calça... [13 segundos de risos]"

Isso não é preconceito, não?

"Não, em hipótese alguma! Uma coisa que não existe em Durães é preconceito. Até me malharam por causa da Parada do Orgulho Gay (patrocinada pela Cachaçaria). O sol nasceu pra todos, todo mundo tem o direito de viver, todo mundo tem o direito de ser feliz e fazer as outras pessoas felizes"

Isso justifica que um casal de gays não possa entrar no scoth?

"Não!"

E duas lésbicas de saia?

"Não vão entrar. Não é casal, são duas mulheres. Não tem como!"

Isso vai ser meio complicado. Acho que vai ser difícil você administrar essa questão. Tem todo tipo de casal. Como é que você vai saber se é lésbica ou se é gay?

"Não tem isso não, vai ser muito fácil de administrar. E eu já estou fazendo um trabalho em cima disso aí e sei que todo mundo vai me ajudar"

É verdade que você está fazendo um investimento de 100 mil reais nesse scoth?

"Não chega a cem não, mas setenta, sim! Coisa de primeira linha"

Em questão de mercado econômico, de se consumir muito, de custar muito, você já vendeu uísque do Paraguai?

"Não, eu não trabalho com uísque do Paraguai [repete, sério]. Eu tenho uma clientela muito especial. Se eu fosse mexer com uísque do Paraguai, eu estaria prejudicando a mim mesmo, entendeu? Então, eu não posso fazer isso com o pessoal que eu tenho aqui"

Você disse que não guarda mágoa de ninguém, mas teve um pessoal que te perseguiu muito naquele outro ponto, principalmente logo após o assassinato de Igor Xavier. Como é que foi isso?

"Eu fui muito prejudicado na época, porque parece que o assassinato tinha sido dentro do meu bar, e meu bar não teve nada a ver com o crime. Eles se encontraram lá, saíram de lá, infelizmente aconteceu, então, muita gente se afastou do meu bar. Muita gente"

Mas tem alguém, especificamente, que o prejudicou?

"A única pessoa que me prejudicou foi a família Athayde, o Ricardo Athayde. Se eu encontrar com ele hoje, sou capaz de fazer qualquer coisa de ruim, meter a mão, até, na orelha dele. Ele me prejudicou, me fez pedir dinheiro emprestado pra pagar luz, água e funcionário. Fui à falência"

Foi uma campanha cerrada contra o barzinho Casa Grande?

"Sim! Esse lance de Igor, pessoa linda e maravilhosa, que sempre me ajudou, sempre promovia a casa, esse negócio que aconteceu com ele lá foi terrível!"

E o Ricardo Athayde está solto até hoje. O que você acha disso?

"É, fazer o quê?"

A gente está vendo emoção nos seus olhos. Você está quase chorando. Isso o emociona muito, não é? Você sente muito essa história, não é? Isso te marcou muito, né?

"Marcou, marcou, marcou... [quase em lágrimas] Foi a terceira vez que Ricardo tinha ido ao meu bar. Primeiro, ele foi com João Avelino (Neto, secretário municipal de Segurança e Direitos do Cidadão); depois ele foi com a esposa e o filho; a terceira vez, ele foi sozinho, que foi o dia em que aconteceu [o assassinato, no apartamento do próprio Ricardo]"

Nesse dia, você não percebeu qualquer tipo de premeditação, não?

"Não. Então, eu o tratei como um cliente normal, nunca sentei na mesa dele pra conversar com ele"

Ele estava com o Igor?

"Não. Ele não estava com o Igor. Coincidentemente aconteceu de, na hora, ele sair... Igor passou na mesa dele, tinha uma amiga nossa na mesa, cumprimentou e saíram juntos"

Quem era essa amiga?

"Ela se chama Ivana"

Essas pessoas que frequentavam seu bar antes da tragédia e, depois, deixaram de frequentar, você não os considera como seus amigos, mas se chegarem aqui você os recebe de coração?

"Com certeza! Daí pra cá aconteceu... meu bar virou um local marginalizado, todo mundo derrubando o bar de Durães, o Casa Grande e tal, mas..."

Falam que se consumia droga lá...

"Ah, com certeza. Sempre falaram, bar de Durães só dá maconheiro, cheirador de cocaína, mas superei isso tudo. Deixa pra lá..."

Os que falam são os maiores frequentadores do seu bar.

"Continuam falando e são frequentadores do meu bar. Esse encontro poderia ter acontecido em qualquer outro barzinho, mesmo porque não houve crime lá nem nada. Foi uma coisa pessoal, para prejudicar logo o Durães, essa pessoa supercarismática, um paizão mesmo, amado na noite de Montes Claros. E quem o ama, realmente, sabe e conhece esse lado dele, que é o lado bacana, amoroso, cativante, todos nós sabemos disso"

Como é sua rotina? Você começa a trabalhar a que horas?

"Oito da manhã. No caso, hoje, que é sábado, eu vou só até sete da noite. Nos demais dias, até quando tiver freguês... [risos]"

Mas lá no Rio, você tinha a mania de todo dia, às três da tarde, deitar na praia e dormir... [11 segundos de risos]

"Eu era feliz e não sabia... [risos]"

Três da tarde, o boteco fechado, o pessoal batendo na porta e você na praia, dormindo ou tomando água de coco. Como é que era isso?

"É o Rio, aquela cidade maravilhosa! [risos]"

Aqui não tem jeito de ir pra beira do Rio Vieira às três da tarde não, né?

"É como diz uma amiga minha, Débora, a Japa, quando eu pergunto por que todo fim de semana ela está indo pro Rio, ela responde: Duras, eu vou é pra Rio Pardo... [risos]"

Ainda ontem estava aqui a Janine, ex-atriz do grupo Tapuia, que mora na Itália há 20 anos. Você acha que a Cachaçaria virou, realmente, um ponto de referência, um ponto turístico de Montes Claros?

"O movimento durante a exposição me surpreendeu. Ainda bem que eu estava preparado, mas não esperava o movimento que estou tendo. Gente de tudo quanto é lugar. Meu bar está cheio todos os dias"

Tinha mais gente aqui do que nos barzinhos da exposição

"Com certeza. Minha casa estava lotada durante todos os dias. Então, virou ponto turístico. A Janine veio de Roma. De onde mais tem vindo gente? Ainda ontem tinha um grupo paulista, tinha outro grupo de Diamantina, tinha uma turma grande de Salinas... mas vem gente de tudo quanto é lugar da região e do país. Chegou a Montes Claros, está vindo aqui..."

Quais são as especialidades da casa?

"Especialidade da casa, mesmo, que é uma coisa que eu faço há 15 anos, é o arroz com pequi e carne de sol toda quinta-feira, que é servido como cortesia da casa para 100, 200 pessoas"

Qual é o seu consumo anual de pequi?

"Eu congelo uma faixa de 600 dúzias. Geralmente, eu gasto 10 dúzias por semana. E o ano que eu conto são de 10 meses, porque nos outros dois meses já é a nova safra"

Quantos quilos de arroz você dá pra essa cambada aí? [risos]

"São mais ou menos oito quilos de arroz toda quinta-feira"

Como é a participação de Black na sua vida profissional?

"Black é filho, é pai, é irmão, é camarada, é tudo. Black é o meu braço direito, uma pessoa que toma conta dos meus negócios. Um filhão que eu tenho"

Naquele período de dois anos e meio que você ficou no Rio, como é que Black sobreviveu sem você?

"Ah, eu mandava pra ele três salários mínimos todo mês... [19 segundos de risos]"

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Poeta-caminhoneiro está internado na Santa Casa de MOC com Covid-2019 desde 20/07

O criador do maior Salão de Poesia do Brasil, o Psiu Poético, João Aroldo Pereira, informar por e-mail (correio eletrônico) que "o poeta-caminhoneiro Albino José dos Santos, participante ativo do Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético", testou positivo para a Covid -2019. O conhecido poeta-caminhoneiro participa do Psiu Poético, do Resgate da Alegria & Cena Cultural Montes-Clarense  de forma sempre presente", esclarece Aroldo Pereira, que nasceu em Coração de Jesus em 06 de outubro de 1959.

O criador do Psiu Poético continua enaltecendo as atividades do poeta-caminhoneiro. "Desde o início dos anos 2000, ele participa de tudo que vem sendo promovido pelo Grupo de Literatura & Teatro Transa Poética, como também de ações da Secretaria Municipal de Cultura, tendo como exemplo a Festa do Pequi, já homenageada pela verve do poeta". Albino José dos Santos é natural da Bahia, mas veio morar em Montes Claros ainda adolescente. Aqui trabalhou com o seu pai como ajudante de motorista de caminhão, depois, como profissional do volante, rodou por todo o território nacional, levando produtos do Norte de Minas Gerais a todo o Brasil.

Albino José dos Santos também atuou como motorista de ônibus coletivos urbanos na cidade norte-mineira. Recentemente, ele guiava carro pequeno, fornecia terra adubada preta para plantações e levava seus versos nos palcos e escolas públicas estatais, municipais e particulares do município. "Com seus 80 anos de idade, Albino José dos Santos demonstra amar a sua família, os seus amigos, o Psiu Poético e todas as artes. Ficou viúvo há cinco anos. Mora com uma neta e dois bisnetos", conta João Aroldo Pereira.

No dia dia 20 de julho, segunda-feira, ele foi encaminhado pelo seu filho, Cláudio dos Santos, para ac Santa Casa de Montes Claros, onde tem recebido tratamento para se restabelecer. "Poetas e amigos de todo o Brasil têm lhe dedicado orações, pensamentos positivos e um pronto restabelecimento", garante Pereira ao se despedir com o já cultural "beijos azuis & abraços blues", agradace.

Visite o site: psiupoetico.com.br
Página no Facebook: Psiu Poético
Página do Curador: Aroldo Pereira
Telefones: 38 9 9112 7011  # 38 2211 3374

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Inscrições para 34º Psiu-Poético são prorrogadas; tema deste ano é “Dançapalavra”

Foram prorrogadas até o dia 31 de agosto de 2020 as inscrições para o 34º Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, realizado pelo Grupo de Literatura e Teatro Transa Poética, em parceria com a Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Desde a década de 1980, o acontecimento é agendado para os dias 04 a 12 de outubro e o seu propósito é celebrar a poesia e promover o encontro, desta vez virtual, de poetas, dançarinos, escritores e artistas de todos os lugares. É o mais longo salão nacional de poesia do Brasil.

Neste ano, por causa da pandemia, o 34º Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, que terá como tema “Dançapalavra”, acontecerá através das plataformas digitais nas redes sociais do Psiu Poético e no YouTube. Por isso, integrantes do Grupo Transa Poética lançaram uma campanha para que o Canal do Psiu Poético no Youtube alcance mil seguidores e assim seja possível realizar as transmissões ao vivo. Para ajudar, basta clicar no link https://www.youtube.com/channel/UCx3o_zXnWyazxYX3GFs_wtw e inscrever-se.

As pessoas que desejam apresentar seus textos poéticos devem enviá-los para os e-mails psiupoetico@gmail.com e psiupoetico.cinema@gmail.com. Neste ano serão aceitos de um a três poemas. Os textos devem ser enviados em PDF, DOCx ou DOC. É obrigatória a identificação do autor no poema. O artista interessado em inscrever um trabalho em vídeo deverá enviar o mesmo para psiupoetico.cinema@gmail.com com permissão de acesso. Os trabalhos audiovisuais devem ter duração de um a 10 minutos. Se o material exceder 25 megabytes, é necessário  o compartilhamento do mesmo através de plataformas não-pagas, tais como iTransfer, WeTransfer e Send-file. Poderão participar poetas e artistas de qualquer parte do país.

Texto: Mariana Correia
Imagem: Reprodução

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Encanta-se Maria Nunes Maciel com quase 100 anos

A coluna do obituário na página 04 do "Jornal de Notícias" de Montes Claros, Norte de Minas Gerais, traz sete passamentos nesta quinta-feira (09/07/2020): três mulheres e quatros homens. Ana Ferreira de Oliveira é nascida em 25 de dezembro de 1933 em Porteirinha do casamento entre Maria Ferreira da Silva e José Ribeiro da Silva. Morreu em 06 de julho quando completaria 87 anos. Maria Nunes Maciel nasceu em 25 de março de 1921 em MOC da união entre Celestina Nunes Maciel e João Nunes Cerqueira. Ela faleceu perto de completar 100 anos. Desencarnou em 07 deste mês. Neuzita de Oliveira Santos nasceu em 15 de janeiro de 1947 na cidade de São João da Ponte do matrimônio entre Maria Augusta de Oliveira e Etelvino dos Santos Ferreira. Morreu em 02 de julho aos 72 anos.

Filho de Maria de Lourdes Lima e Manoel Andrade Lima, Franklin Aloísio Lima nasceu em 12 de abril de 1945 em Salinas. Faleceu aos 75 anos no dia 06 deste mês. Filho de Maria Araújo Costa e Sebastião Soares de Araújo, Geraldo Sidney de Araújo veio ao mundo no dia 29 de novembro de 1965 em Juramento. Morreu no dia 27 de junho. Faria 55 anos. Filho de Júlia Vieira da Silva e Isaías Teixeira da Silva, Isaías Teixeira da Silva Filho nasceu em São João da Ponte no dia 22 de outubro de 1972. Encantou-se no dia primeiro deste mês. Completaria 48 anos. Filho de Sebastiana Soares da Fonseca e Sancho Cardoso dos Santos, João Soares dos Santos surgiu para esta sociedade capitalista no dia 06 de maio de 1934 no município de São Francisco. Descansou desta vida material em 07 de julho aos 86 anos. As causas dos falecimentos não são informadas. 

A publicação no obituário do "Jornal de Notícias" é gratuita. Basta enviar os dados, inclusive imagem, para a portaria do periódico situada à Rua Sílvio Teixeira, Bairro São José, em MOC-MG. O Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais (1º Ofício da Cidadania) “Maria de Lourdes Chaves” fornece as informações. Organiza desde 06 de julho de 2009 o Cartório Cláudio Teixeira Almeida. O Cartório existe desde 08 de novembro de 1888. O endereço é Rua Doutor Veloso, 866, Centro de MOC-MG, CEP 39.400-074. Funciona de segunda a sexta-feira das 9 às 17h. Outras informações pelo telefone 38 3221 1560. O telefone-fax é 38 3221 4063. O e-mail para contato é civilmoc@yahoo.com.br. Lá se registram, mediante quantia em dinheiro, nascimentos, casamentos, mortes, interdições e tutelas. O número do seu Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) é 21.364.591/0001-56. As informações são do advogado Yuri Maxim Lups. São 55 comentários sobre o Cartório no site de pesquisas www.google.com.br.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Encantamento

Sinto perto de ti tantos encantamentos
Longe de ti sinto saudade imensa
Porque me encantas e ao mesmo tempo foges de mim
São coisas sem explicações
Amamos e nos queremos muito
Mas não conseguimos nos encontrar
Vamos para sempre juntos
Não podemos viver sozinhos
Porque são tantos sofrimentos
Eu sofro
E tu sofres
Vamos viver juntos
Vamos ser felizes


Gilmar Gusmão

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Prontomente: uma história, várias vidas

“Meu senhor, eu, entra ano,
Sai ano, trabalho nisto;
Há muito senhor humano,
Mas o meu é nunca visto.
Pancada, quando não vendo,
Pancada, quando dói, que arde;
Se vendo o que ando vendendo,
Pancada por chegar tarde.”

Manuel Cabinda, amigo de Lima Barreto

“Se eu pudesse [...] se me fosse dado ter o dom completo de escritor, eu havia de ser assim um Rousseau ao meu jeito, pregando à massa um ideal de vigor, de violência, de força, de coragem calculada, que lhe corrigisse a bondade e a doçura deprimente”

Lima Barreto em Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá

“O álcool me provocava alucinações, eu incomodava os outros, metia-me em casas de saúde ou no hospício, eu renascia, voltava, e assim levava uma vida insegura, desgostosa e desgostando os outros”

Lima Barreto em O Cemitério dos Vivos

Na manhã de segunda-feira, 08 de junho de 2020, o Brasil amanheceu com mais de 37 mil mortes por Sars-Cov-2. No grupo da rede social virtual do facebook denominado “Tripulantes da Máquina do Tempo”, Leonardo Silva postou duas imagens e convidou a todos a refletirem sobre elas. Era por volta de nove horas e 30 minutos da manhã. “Bom Dia, Tripulantes! Este local fechado com tapumes é a frente da antiga e atualmente fechada Clínica Psiquiátrica e de Repouso, localizada na Rua dom Aristides de Araújo Pôrto [segundo bispo diocesano de MOC], Bairro Alto São João, região do Parque de Exposições. Referência durante anos no tratamento de internações psiquiátricas, ouvi dizer que seu fechamento se deu, em parte, devido à pressão de movimentos antimanicomiais. Alguém se lembra desse local e pode compartilhar conosco alguma história?”, propõe Silva.

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial é resgatado no dia 18 de maio, mesma data da celebração contra o abuso e a exploração sexual infanto-juvenil. A data se refere à atuação do médico italiano Franco Basaglia na década de 1960 em Gorizia e Trieste, Itália, contra os serviços psiquiátricos vigentes e à favor de uma reforma no setor. Remete também ao Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental ocorrido em 1987, em Bauru, interior do Estado de São Paulo, que congregou 350 operários. Nesse mesmo ano, surgiria o Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, realizado anualmente em MOC sempre de 04 a 12 de outubro. A Reforma Sanitária Brasileira resultaria na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988.

De 20 de dezembro de 1978 a 1984, depois de desavenças no trabalho com um colega, na antiga Biobrás, hoje Novo Nordisk, o bioquímico, vegano aos 25 anos e poeta naturalista, Antônio Gilmar Maia Gusmão foi internado na instituição, onde sofreu as maiores atrocidades que o deixaram com problemas na fala e no pensamento. Flávio Muniz escreveu na sua primeira mensagem sobre o assunto. “Hoje sou professor. Mas sou técnico em Enfermagem e trabalhei no Prontomente em 1995 e 1996. Sobre histórias, tenho muitas, algumas impublicáveis. Foi o meu primeiro emprego na Enfermagem. Gostaria muito de ter acesso aos registros para desenvolver uma pesquisa histórica sobre este lugar”, expõe.

“Bacana!”, exalta Leonardo Silva. “Cada coisa tem seu contexto. Não sei porque fechou, mas a luta antimanicomial foi um avanço contra os tratamentos desumanos que havia na Psiquiatria. Se você soubesse as práticas que eram consideradas ‘normais’, jamais deixaria alguém que ama ser internado. Acredito que houve avanços. Vários hospitais psiquiátricos se tornariam Hospital Dia ou Caps [Centros de Atenção Psicossocial]. Internação psiquiátrica tem aspectos positivos, mas muitos e muitos aspectos negativos”, considera o enfermeiro. “Acredito ter sido uma grande perda para a Psiquiatria o seu fechamento, pois era uma referência”, lamenta Silva. “Obrigado pelas informações, meu amigo”, agradece. Joaninha Lima entra na discussão. “Verdade! Também conheço algumas histórias desse lugar. Já ouvi alguns relatos. Há alguns impublicáveis mesmo. A história das internações no Brasil em si tem seu lado obscuro, triste... Acho que as mudanças que foram feitas, muitas foram necessárias exatamente por conta dos métodos utilizados nesses tratamentos, sempre questionados por causa das práticas desumanas e agressivas utilizadas... Seria muito interessante se você conseguisse fazer esta pesquisa e nos desse acesso para conhecer melhor a história dessa instituição e para que a população possa conhecer um pouco mais dos aspectos sombrios das internações como foram feitas”, motiva Lima.

Em casos especiais como esses dos doentes mentais, é necessário preservar as fontes envolvidas. “As fontes são extremamente importantes porque é através delas que conseguimos construir uma narrativa que seja científica. Nomes são resgatados em uma pesquisa histórica, mas não se pode perder de vista que cada tempo tem seu contexto e sua singularidade. Assim, por exemplo, o eletrochoque era uma prática legal, apesar de cruel. As fontes ajudam a entender o quadro de uma forma mais ampla. Se souberem para onde foram os registros, certamente conseguiremos avançar”, torce Muniz. O instrumento do eletrochoque serviu para pressionar presos políticos, camponeses e indigentes urbanos contrários à Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985.

O ministro da Fazenda e jurista Rui Barbosa, governo de Deodoro da Fonseca, queimou os arquivos da escravidão em 1890 para evitar uma chuva de processos indenizatórios dos latifundiários donos de escravos negros contra o recém-criado Estado Republicano. Os arquivos da Ditadura foram incinerados, juntamente com os cadáveres de suas vítimas. Provavelmente, os arquivos do Prontomente e de outros manicômios foram queimados ou estão em mãos de particulares. O Estado Burguês não se interessa em preservar a memória pública histórica.

No livro “Lima Barreto: Triste Visionário”, de Lilia Moritz Schwarcz, Companhia das Letras, 2017, é narrado que o Hospício de Pedro II data de 1841. Dez anos antes acontecia a abolição do tráfico negreiro pela Inglaterra entre o Brasil e a África. A lei Eusébio de Queiroz viria apenas em 1850. Desde 1810 que Londres pressionava dom João VI para por fim ao comércio de escravizados, dois anos depois da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil e da Abertura dos Portos do país para favorecer os ingleses. Lilia Moritz Schwarcz usou as iniciais dos nomes dos pacientes dos hospícios para contar a história de cada personagem e manter o anonimato de cada um. A maioria dos internos era negro. Os hospícios se denominavam Colônias de Alienados. Ficavam na Ilha do Governador, Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Serviram para abrigar os “loucos” brasileiros da Monarquia e da República capitalistas, após o longo processo nacional para a abolição da escravatura negra em 13 de maio de 1888.

J. F., 18 anos, solteiro e brasileiro, negro, debilidade mental e alcoolismo. M. D., 22 anos, alcoolismo, parda, mas era negra. I. J., 54 anos, ferreiro, de origem italiana, alcoolismo. A. A. C., de 34 anos, branca, todavia, negra. “No ambiente psiquiatra brasileiro, a associação entre sexualidade e doença mental era ainda muito comum”, afirma, à página 286, a historiadora e antropóloga, Lilia Moritz Schwarcz, que durante 10 anos fez pesquisas para resultar no livro “Lima Barreto: Triste Visionário”. Triste significa teimoso. E. C., branca, 48 anos, casada, portuguesa. Em 30 de agosto de 1902, ela foi molestada sexualmente pelo cunhado quando tinha 14 anos. “O negro é a cor mais cortante, mais impressionante”, declara o biografado Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922). As fotografias dos internos se caracterizam como registro policial, que retrata doentes e criminosos em más condições de saúde. Essa também foi a praxe da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985).

Diretor do Museu Nacional, João Batista Lacerda (1846-1915) favoreceu o branqueamento brasileiro. O psiquiatra baiano e negro Juliano Moreira dirigiu as Colônias de Alienados de 1903 a 1930. Produziu esquema de cruzamento de raças no Brasil. Conforme sua visão, branco com caboclo dá mameluco. Do branco com o negro nasce o mulato. É interessante salientar o significado preconceituoso da palavra “mulato”, que é o cruzamento do mulo, que é estéril, com a égua. Caboclo com negro gera o cafuso. Do branco com mameluco origina o pardo. O branco com mulato procria também o pardo. Branco com cafuso dá luz a mais um pardo. Mameluco com caboclo supostamente daria pardo. Mameluco com mulato descende outro pardo. O mulato com cafuso poderia originar outro “c”. Caboclo com cafuso se forma caibra. Mameluco com negro se manifesta caibra. Mulato com negro provém caibra. Negro com cafuso aparece mais um caibra.

O pai de Afonso Henriques de Lima Barreto, João Henriques de Lima Barreto foi almoxarife, administrador e interno das Colônias de Alienados depois de ser um dos primeiros desempregados da República, golpe militar maçônico sobre os monarquistas. João Henriques trabalhou com afinco como tipógrafo da Imprensa Nacional graças ao Visconde de Ouro Preto, Afonso Celso de Assis Figueiredo, que batizaria o primeiro filho do casal João Henriques e da professora primária Amália Augusta: o conhecido escritor maldito, realista e pré-modernista, Lima Barreto, nascido nas Laranjeiras/RJ, Dia de Nossa Senhora dos Mártires, em 13 de maio de 1881, sete anos antes do fim da escravidão negra. Morreu e foi enterrado em Botafogo/RJ, Dia de Todos Os Santos, 1º de novembro de 1922. Vinte quatros horas mais tarde, faleceria seu pai, Dia de Finados. Ambos sofriam de neurastenia e ficaram internados nas Colônias de Alienados.

O motivo da internação do pai foi a loucura que o abateu após descobrir que as contas financeiras da instituição não fechavam. Nunca descobriu que estava sendo roubado por um colega de trabalho. Já o filho virou alcoólatra. O casal Lima Barreto teve cinco filhos. O primeiro foi abortado espontaneamente. Amália Augusta sofria de tuberculose. O casal teve ainda mais quatro filhos: Afonso Henriques de Lima Barreto e mais dois homens e uma mulher. A Marinha do Brasil preserva a casa onde os Lima Barreto moraram até hoje na Ilha do Governador. Chama-se Sítio do Sossego e foi palco da Revolta da Armada, rebeldia dos marinheiros contra o governo do marechal Floriano Peixoto, segundo presidente da República Velha (1889-1930). Lima Barreto passou a infância ali.

Publicado em formato de folhetim em 1911 no Jornal do Commercio, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” rememora essa época. O livro viria a nascer quatro anos depois. Lima Barreto o escreveu em cerca de três meses. Mistura a vida do pai, do filho e dos familiares. O cineasta Paulo Thiago transformou o livro em filme em 1998. Lima Barreto era devoto de Nossa Senhora da Glória. Foi o primeiro escritor a retratar o subúrbio de uma forma realista e romântica. “Eu pesquiso processos criminais envolvendo escravizados nos últimos anos anteriores à abolição”, informa o enfermeiro Flávio Muniz. “A questão da internação psiquiátrica divide muitas opiniões no meio da medicina. Diga-se o caso da cidade de Barbacena em que algumas clínicas foram fechadas e outras ainda funcionam após se comprometerem a dar um tratamento humanizado aos pacientes. Os protocolos felizmente mudaram com a luta antimanicomial”, festeja Leonardo Silva. Os fatos dos manicômios da cidade mineira de Barbacena são retratados no livro da jornalista Daniela Arbex em seu livro “Holocausto Brasileiro: genocídio de 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”, publicado em 06 de julho de 2013 pela Geração Editorial.

O livro “Primeiras Histórias”, de João Guimarães Rosa (1908-1967), trata do assunto no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, transformado em filme por Pedro Bial. O longa-metragem foi encenado em Montes Claros, Norte de Minas Gerais. O Cinema Comentado Cine Clube já exibiu o filme na Sala Geraldo Freire, anexa à antiga Câmara Municipal de MOC, na Avenida João Luiz de Almeida. A Estação Ferroviária Central do Brasil (EFCB) servia de pano de fundo para a história real. Durante módulo da primeira turma (2009-2012) da Escola de Formação em Fé e Política da Arquidiocese de Montes Claros em 23 de julho de 2011, o secretário-executivo do Conselho Municipal de Saúde (CMS), João Batista Alves, cobrou os tão sonhados leitos substitutivos para o Prontomente, importantes para o Norte de Minas Gerais, Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Sul da Bahia. “Com R$ 1 milhão, nós equipávamos todos os agentes de saúde” e até com aparelho de glicemia, garantiu.

No grupo do facebook “Tripulantes da Máquina do Tempo”, Odete Martins apontou que o Prontomente já funcionou em bairro de militares reformados e ex-ferroviários. “Esta clínica funcionava antes (muito antes mesmo) no Bairro Santa Rita de Cássia, próximo à igreja do mesmo nome. Eu era muito pequena, mas lembro que falavam dela nesse bairro. Depois que mudaram para o Bairro Alto São João. O motivo de seu fechamento, eu não sei”, admite. “Estive lá por 24 horas. Um horror”, testemunha o músico Alik Popoff. “Sim. Lembro-me do Hospital Santa Catarina, na Praça Santa Rita”, completa Noélia Silva.

Em reportagem de nove minutos e três segundos, o MG InterTV 1ª Edição apresentado por Maria Ribeiro em 09 de maio de 2013 traz através de Ana Carolina Ferreira que famílias de pacientes enfrentam problemas com o fechamento do Prontomente. No período, havia 12 leitos disponíveis para a área no Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), Avenida Cula Mangabeira, Bairro Cândida Câmara. Rapaz de 24 anos com depressão tenta matar a mãe. Ele destrói a própria casa e aparelhos domésticos da família. O jovem é filho da artesã Maria das Graças Freitas, negra. Não existe mais lugar específico em MOC para tratamentos psiquiátricos, denuncia Ana Carolina Ferreira. E a história se repete como em uma novela da TV Globo, Record, SBT e Bandeirantes. No Bairro Village do Lago II, pais dormem em casa de parentes para se refugiarem do filho com esquizofrenia. Há agressões a vizinhos. A dona-de-casa Rosimeire Ferreira Alves sofre com a situação. Mulher com síndrome do pânico procura o Prontomente para solucionar o seu problema, mas o encontra de portas fechadas.

O sucateamento do sistema público de saúde fica evidente pela disseminação contagiosa de sucessivos governos liberais reformistas, tanto à direita, como à esquerda do processo kafkaniano do Estado Democrático de Direito. A defasagem de preços da tabela do SUS em relação ao setor privado provoca ira da população que migra para planos particulares de saúde. Estes, superlotados, não suportam a demanda dos mais de 200 milhões de brasileiros. 

Coordenador da Saúde Mental em MOC de 2013 a 2016, Leonardo Félix diz que falta articulação entre os três níveis da saúde pública. A quantidade de leitos é insuficiente. Já foram solicitados mais de 30 leitos para os hospitais, argumenta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta cinco leitos para cada 10 mil habitantes. Em Montes Claros, seriam necessários 200 espaços para o setor mental. É o que sublinha o psiquiatra Wender Fernandes. Secretário municipal de Saúde na época, o médico e professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Geraldo Édson Guerra, e o vereador Fernando Andrade, ligado à organização não-governamental “Anjos do Futuro”, que cuida de pacientes com câncer, apontam para a urgência da criação de mais Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e que funcionem 24 horas, além da existência de oficinas terapêuticas. Geraldo Édson Guerra ainda dispara: a dívida do Prontomente é deles. Eles criaram dentro do hospital. 

Em novembro de 2012, com dívidas acumuladas de mais de R$ 1 milhão, as atividades do Prontomente se encerraram. A cidade vivia o governo municipal de Ruy Adriano Borges Muniz, sucessor de Luiz Tadeu Leite. De 2009 a 2016, Montes Claros atrasaria sua vida municipal. A crise começou no governo municipal de Athos Avelino Pereira de 2005 a 2008 com a saída do secretário de Saúde, João Batista Silvério. Os Centros de Atenção Psicossocial estavam ativos. Os Programas da Saúde da Família (PSF) também. Ruy Muniz sucatearia ainda o Centro Cultural Hermes de Paula e daria fim ao Restaurante Popular em novembro de 2016. O político e empresário da educação foi preso pela Polícia Federal em 18 de abril de 2016, um dia após a sua esposa oficial, a deputada federal Raquel Muniz, confirmar o impeachment da presidente Dilma Vana Rousseff. Perderia as eleições municipais para Humberto Guimarães Souto. Concorreu democraticamente e diretamente da prisão. O Prontomente tinha capacidade para 80 leitos. Trinta por cento dos quadros dos hospitais devem ser destinados para pacientes com problemas psiquiátricos, prevê a legislação nacional.

Em 31 de agosto de 2012, em matéria de cinco minutos e 38 segundos da TV Canal 20, Jornal 20, hoje VinTV, de propriedade do magistrado aposentado, empresário da comunicação e roqueiro nas horas vagas, Danilo Campos, o foco abre para novos ares de reflexão. A produção da reportagem foi de Amanda Rocha. Sem recursos materiais, os familiares de pobres pacientes com doentes mentais são obrigados a os amarrarem na própria cama para evitar que quebrem toda a casa. As imagens da matéria são do cinegrafista Vinícius Matos.

“Joga pedra na Geni”, Chico Buarque

Casado com Geni há 25 anos, o serviços gerais Francisco Dalvo Athayde, de 64 anos de idade, revela que viveu feliz com a esposa nos dois primeiros anos de matrimônio. No terceiro ano, desandou a saúde mental da cônjuge e as internações se tornaram frequentes e hereditárias. Critica o Prontomente. “São 45 dias de tratamento: se eu melhorar, eu saio. Seu eu não melhorar, eu saio do mesmo jeito”, denuncia o serviços gerais. O Prontomente é o único hospital do Norte de Minas e Sul da Bahia que atende paciente nesse estado e fechou as portas. As imagens da matéria da VinTV são ainda do cinegrafista Thales Fernando. “Foi ruim demais pruns 50 pais de família aqui”, constata Francisco Athayde.

Nos corredores vazios do Prontomente apenas um gato frequenta o local. Na ala masculina, situação deplorável do sucateamento hospitalar. Na ala feminina, mesma realidade. A reportagem é do jornalista Carlos Alberto Júnior. Paciente negra recebeu alta, mas sempre volta para tentar ser internada novamente e tem seu pedido negado. O nome na fachada do prédio da Vila Regina “Prontomente Clínica Psiquiátrica e de Repouso” mostra o descaso do Estado Burguês com a situação. O diretor administrativo é o desanimado Eduardo Narciso. “O hospital acumulou dívidas nos últimos dois, três anos e esse nível de endividamento chegou a uma situação preocupante onde nós não podemos continuar a tocar as nossas obrigações porque sob o risco de aumentar esse endividamento. E eu acredito que a saúde financeira de todos os hospitais esteja também muito ruim pelo fato do subfinanciamento da saúde pelo SUS”, ressalta.

“Nós temos hoje um valor muito aquém do que precisaríamos para manter o hospital e esse valor não conseguiu fazer frente às nossas despesas. Eu, como diretor-administrativo, não posso manter uma situação que gere prejuízo para os meus sócios. Já temos uma dívida hoje e não podemos deixar que ela aumente”, pondera. “Eu não vejo outra alternativa. Nós temos, como eu falei, um nível de endividamento muito grande. Temos compromissos a honrar. Quais compromissos são esses? Temos compromissos com os nossos funcionários, temos compromissos fiscais com o governo, temos compromissos bancários e temos compromissos com os nossos fornecedores. Se nós deixarmos essa dívida num crescente, vamos chegar a um tempo em que não teremos como honrar isso”, teme.

O Prontomente existiu por 38 anos. Abriu as portas em 1974, ano em que o cearense dominicano, frei Tito de Alencar Lima, foi suicidado pelos fantasmas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo/SP, cujo delegado era o dependente químico por cocaína Sérgio Fernando Paranhos Fleury (1933-1979), chamado de “o papa” pelos colegas, e cujo comando vinha do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015). Frei Tito foi exilado em Paris, França, porém nunca perdeu os medos torturadores da Ditadura Civil-Militar Brasileira. Preferiu se enforcar com uma corda através do tronco de uma árvore, perto do lixo, em um parque parisiense. O Prontomente de MOC atendia precariamente e com métodos ditatoriais casos como esse: pacientes psiquiátricos a usuários de álcool e drogas. Mesmo assim, com a luta antimanicomial, várias pessoas enfatizam que o fechamento do hospital foi um enorme prejuízo. Era o período assassino das administrações de Luiz Tadeu Leite e Ruy Muniz (2009 a 2016). Santa Casa, Hospital Aroldo Tourinho, Fundação Dílson Godinho de Quadros (antigo Hospital São Lucas), Pronto Atendimento Alfeu Gonçalves de Quadros, Prontocor, postos de saúde e clínicas particulares se digladiavam com Ruy Muniz por verbas do mesmo SUS que criticam. O prefeito de 2013 a 2016 construía, surrupiando verbas públicas, o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro da Silveira, no Bairro Amazonas, sempre anonimamente.

O diretor-administrativo do Prontomente repete que a dívida da clínica ultrapassa os R$ 1 milhão. “A receita do Prontomente, nós trabalhamos com um valor de produção nossa que é chamada um agá mais uma complementação de R$ 22 mil do tesouro municipal. O que acontece é o seguinte: isso aí gera mais ou menos um faturamento de 120 poucos mil reais mês e isso é insuficiente para fazer frente às nossas despesas, sem contar que isso aí tá incluído honorário médico. Não é só a questão do hospital. Acontece que, em 2011, o valor da Prefeitura deixou de ser repassado ao hospital Prontomente e nós acumulamos aí um déficit de quase R$ 300 mil. Para uma instituição que tem um faturamento de 100 e poucos mil é muito dinheiro. E o que acontece é o seguinte: nós tivemos que fazer algumas paradas de internação, alguns movimentos paredistas, em 2012, pra receber esse valor que nos era devido pela Prefeitura. E ao fazermos esse movimento paredista, a coisa entra num círculo vicioso porque você deixa de internar, e em deixando de internar, você deixa de faturar. Então, obviamente, você começa a faturar menos e aí a dívida só vai num crescente. Então chegou a um ponto que inviabilizou o funcionamento do hospital”, lamenta.

No grupo do facebook “Tripulantes da Máquina do Tempo”, Fátima Claret Andrade pergunta se “por favor, essa clínica era dirigida pelo dr. Aflio Mendes de Aguiar? Tenho quase certeza que é ela. Eu era criança e a primeira vez que ouvi falar nela foi quando meu cunhado ficou internado lá. Eu a conhecia como a clínica do dr. Aflio”, recorda ao se referir à Casa de Saúde Santa Catarina Aflio Mendes Aguiar que funcionou sob o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) de número 22.660.781/0001-83, razão social denominada Aflio Mendes Aguiar e nome fantasia descrita como Casa de Saúde Santa Catarina, inaugurada em 26 de agosto de 1966, tipo matriz, situação baixada, natureza jurídica como empresário (individual), com localização à Rua Santa Catarina, 42, Bairro Santa Rita, CEP 39.400-395.

Fernando Sancho ainda complementa no grupo “Tripulantes da Máquina do Tempo”. “Sou mestre de obras. Nos anos de 1970 a 1980, fizemos uma puxada para ampliação do mesmo. Como disse o amigo, muitas coisas impublicáveis e tristes”, concorda. “Tive um parente que foi internado lá e, umas quatro horas depois, já tinha fugido e escondeu-se em outra cidade”, menciona Sales Neves Rosa.

Em um dos textos do livro “Rua de Baixo: o passado reencontrado”, de Fabiano Lopes de Paula, Adriana Lopes de Paula Andrade, Bernadete Versiani Santos e Virgínia Abreu de Paula, narra-se que o prefeito de Montes Claros, Antônio Teixeira de Carvalho (Dr. Santos) mandou mudar o nome do filho só porque se assemelhava a um nome de um negro. Foi Antônio Teixeira de Carvalho que inaugurou em 05 de julho de 1932, dia de seu aniversário, o Sanatório Santa Terezinha, mais tarde convertido em hospital. Inicialmente projetado para cuidar de pacientes tuberculosos, a casa rosada do Sanatório Santa Terezinha funcionou na esquina das ruas Dr. Veloso com Dom João Pimenta, centro de MOC-MG, até a década de 1990. “A pobreza não humilha ninguém; fortalece e exalta. Anatole France sempre agradeceu ao destino que o fez nascer pobre. A pobreza, diz o Mestre, é o anjo de Jacob: obriga aqueles que ele ama a lutar na sombra consigo e eles saem da luta com o sangue mais vivo, com o dorso mais ágil, com os braços mais fortes”, discursa Dr. Santos na cerimônia de posse da inauguração. Está registrado no livro “Montes Claros: sua história, sua gente, seus costumes”, organizado e escrito pelo médico, historiador e folclorista Hermes Augusto de Paula, segunda edição em três volumes, 1979, páginas 253 a 258.

Participante do grupo fundador da Renovação Carismática Católica (RCC) na Arquidiocese de Montes Claros, Margarida Maria Quintino de Quadros (1934-2007) estudou no Rio de Janeiro e Juiz de Fora, e formou-se em Farmácia em dezembro de 1964. Foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em 09 de abril de 1965. Ainda ajudaria a fundar em 1987 o Conselho Diocesano de Leigos (Codile), hoje Conselho Arquidiocesano de Leigos (Coarle), que teve como participantes Celeida Bernardes de Oliveira Abreu (de MOC-MG) e José Luiz Nunes (de Janaúba-MG) no 1º Encontro Nacional de Leigos e Leigas em Mariápolis, São Paulo, a partir de 07 de agosto de 1987. Foram e são ativas no Coarle Sônia Gomes de Oliveira, Flávia Araújo de Almeida, Minercina Cardoso da Silva, Celecina Rodrigues Madureira, Maria Claret Martins, Marcos André Ferreira de Oliveira, dentre outros.

Margarida Maria Quintino de Quadros, Margot, dava graças a Deus pela demolição do Sanatório Santa Terezinha. Para ela, aquilo ali era um hospital de loucos. Nascida no povoado Atoleiro, em Rio Pardo de Minas, no dia 24 de março de 1950, do casal Paulo Alves de Araújo e Maria de Jesus, a negra Laurita Alves de Araújo trabalhou 27 anos na Arquidiocese de Montes Claros, no Seminário Maior Imaculado Coração de Maria, no Hospital Santa Terezinha, na Fundação Dílson Godinho de Quadros e na Santa Casa de MOC. “Passava roupa no São Lucas com o ferro elétrico. No Hospital Santa Terezinha, pra gente descer as escadas com os pacientes para a parte de baixo, a gente descia com os pacientes na maca, na mão. Não tinha recursos”, faz memória. 

Felicidade

Felicidade
Ao centro, Gilmar Gusmão participa do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético de 04 a 12 de outubro de 2017 no Centro Cultural Hermes de Paula em MOC-MG

Resistência

Resistência
Gilmar Gusmão declama poesia em escola estadual durante Salão Nacional de Poesia Psiu Poético

Seriedade

Seriedade
Antônio Gilmar Maia Gusmão ministra palestra sobre medicina natural na Pastoral do Menor

Característica

Característica
Gesto típico de Antônio Gilmar Maia Gusmão

Preocupação Social

Preocupação Social
Antônio Gilmar Maia Gusmão visita Pastoral do Menor (Rua Januária, 387/Fundos, Centro de MOC-MG)