Frase

"(...) Quem vai no chão de fábrica compreende melhor o que está acontecendo. Nada melhor do que conversar, escutar e olhar nos olhos de quem foi diretamente afetado (...)" Romeu Zema Neto, governador do Estado de Minas Gerais, durante o lançamento da Campanha S.O.S. Chuva 2023-2024, a respeito dos atingidos por tragédias consideradas naturais na sociedade capitalista, como chuvas em áreas urbanizadas, rompimentos de barragens de rejeitos minerários e coronavírus

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Tiburtina de Andrade Alves: uma história de dedicação e força

Texto: Hélder Maurício

Imagem: Reprodução

Sem sombra de dúvidas, Tiburtina de Andrade Alves foi uma mulher forte e decidida. Sua  personalidade guerreira, somada às suas posições políticas, colocaram-na em uma posição de destaque na história brasileira. De acordo com a tese de Mestrado da professora doutora em História, Fátima Nascimento, Tiburtina de Andrade Alves nasceu em Itamarandiba, Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, em 30 de agosto de 1873. Filha do capitão Manoel Florentino de Andrade Câmara e Henriqueta Leocádio de Mello, Tiburtina sempre apresentou uma personalidade forte e desafiadora.

Teve dois casamentos. Antônio Augusto Câmara Alkmim, filho de José Maria Alkmim, foi seu primeiro marido. Os pais de Tiburtina não olhavam com bons olhos essa união, pois, Antônio era boêmio e, reza a lenda, não gostava de trabalhar. Informações não confirmadas relatam que ele, que era primo de Tiburtina, sofria com o alcoolismo. Em 1902, o casal se muda para Montes Claros. Logo após, Antônio falece. Para se sustentar na cidade, começou a trabalhar como costureira. Com esse ofício, ela começa a atender a alta sociedade montes-clarense.  E foi nesse momento que Tiburtina conhece seu segundo marido: João José Alves, médico e político. 

Na oportunidade, ele havia contratado os serviços de uma costureira para consertar algumas roupas de seu guarda-roupa. Quando viu Tiburtina, bela e formosa com seus 34 anos de idade, ficou encantado e apaixonado. Eles oficializaram a união em 1907. Como seu marido era envolvido em assuntos políticos, não demorou muito para ela se interessar também pelo tema. Um fato dramático estreitou ainda mais o casal com a política. Após o nascimento do primeiro filho do casal, o sogro, o coronel Marciano Alves, foi assassinado. 

Tiburtina não mediu esforços para descobrir e punir o grupo responsável. A partir desse momento, ela e o marido tomaram a frente da política de Montes Claros. Filiou-se à Aliança Liberal e fez oposição aos coronéis conservadores da região. Segundo registros do Museu Regional do Norte de Minas Gerais, Tiburtina, lá pelos idos de 1930, lutava contra as oligarquias locais. Muitos historiadores relacionam essa ação como sua participação na Revolução de 1930, que culminou com a posse do ditador fascista, o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, único estadista brasileiro, como presidente da Nova República.

Um fato acontecido na cidade colocaria Montes Claros e Tiburtina em evidência nacional. Ocorre que no dia 06 de fevereiro de 1930 houve um grande tiroteio que quase ceifou a vida do então vice-presidente da República Fernando de Mello Viana, que visitava Montes Claros, convidado para participar, naquela data, de um congresso para tratar da produção de algodão no Norte de Minas Gerais.

Segundo Fátima Nascimento, nesse dia, participantes da Concentração Conservadora, movimento fundado no estado para fazer frente à Aliança Liberal, saíram em passeata lançando fogos de artifícios em frente do Automóvel Clube, antiga residência de Tiburtina e seu esposo. “Um desses explosivos acertou João Alves, que começou a sangrar. Foi Tiburtina que prontamente o acudiu naquele momento. A partir daí, inica-se o tiroteio de fato”.

Nesse episódio, morreram seis pessoas. De acordo com a historiadora, a imprensa da época atribuiu a Tiburtina a responsabilidade pelo tiroteio e acusou-a de ter armado uma tocaia. “Acusaram-na, inclusive, de ser a mandante dos assassinatos”, acrescenta Fátima Nascimento. Esse boato acabou tomando proporções nacionais e Montes Claros e Tiburtina acabaram sendo conhecidos em todo o país. Tiburtina faleceu no dia 20 de abril de 1955 aos 81 anos de idade.

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